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Números da sífilis dobram

As estatísticas sobre sífilis, apesar de incompletas, mostram que os números estão dobrando. Se há uma década eram registrados de 5 a 10 casos por 100 mil habitantes, hoje o número é de quase 20. Um grupo que tem preocupado os especialistas no assunto são os homens jovens que fazem sexo com homens. O tema foi discutido durante o Dermato Bahia 2017, maior Congresso de Dermatologia do país.

“Essa população tem um índice cada vez maior, não só da sífilis, como a coinfecção sífilis / HIV. Essas doenças sexualmente transmissíveis não andam sozinhas. Então o indivíduo que tem diagnóstico para doença sexualmente transmissível tem que ser investigado para todas as DSTs, principalmente a sífilis, que tem um diagnóstico laboratorial, e o HIV, doença que tem uma série de implicações”, explicou Dr. André Costa Beber, professor e chefe do serviço de dermatologia na Universidade Federal de Santa Maria (Rio Grande do Sul), um dos palestrantes do congresso.

Ele explica que, devido ao fato de a Aids ter se tornado uma doença tratável e não estar mais acompanhada dos estigmas da década de 90, os jovens que não conheceram essa epidemia e a gravidade da doença, perderam o medo do sexo e de adquirir doenças sexualmente transmissíveis. “Com isso estamos tendo um reboom da epidemia da sífilis. Ela está cada vez mais presente em todas as populações, inclusive na faixa acima dos 60 anos. Esse grupo não se preocupa em se preservar tendo relações, pois acha que não vai acontecer com eles”, completa.

As gestantes também precisam se precaver, continua o especialista. No caso da mulher que engravida com a doença, o bebê que nasce com a sífilis congênita vai ter sequelas pro resto da vida, mesmo que a mãe tenha adquirido a doença na fase final da gestação.

Sintomas – A manifestação primária da sífilis é o surgimento de uma ferida no local em que ocorreu o contágio, que pode ser na região genital ou na boca. Ela vai desaparecer independentemente de tratamento e o indivíduo muitas vezes considera que está curado. Uma parcela dessas pessoas vai desenvolver outros sintomas como vermelhidão pelo corpo, manchas nas mãos e nos pés, e alguns terão um quadro muito discreto. A ferida cura, essas manchas desaparecem, o paciente não vai ao médico e continua transmitindo a doença. Isso mantém a epidemia.

A sífilis tem cura. Em todos os postos de saúde existem os testes rápidos para detecção. É determinação também do Ministério da Saúde que a droga para tratamento esteja disponível no posto de saúde e o paciente seja tratado já no posto. “Vai ser pedida sorologia para as outras DSTs, vai ser marcado o retorno, mas a prevenção primária da transmissão é de que ele já saia tratado”, pontua Beber.

O protocolo do Ministério da Saúde simplificou o tratamento, que passou de duas aplicações, uma por semana, para apenas uma aplicação semanal, no caso da sífilis secundária (segunda fase da sífilis). “Isso foi muito debatido aqui no Congresso. Tem médicos que preferem manter o esquema com duas doses porque realmente o índice de cura é maior. Mas o que é importante destacar é que é um tratamento simples”. Beber lembrou ainda que a principal droga para o tratamento faltou no mercado em todo o mundo nos dois últimos anos. “Agora já está regularizado. Mas muita gente ficou sem tratamento. É importante ressaltar que, apesar de o tratamento existir há 60 anos e ser altamente eficaz, a epidemia está crescendo por despreocupação e desconhecimento das pessoas”.

Box Sexo oral – O professor pontuou ainda que as pessoas têm uma resistência natural a usar preservativo e acham que terão que fazê-lo se vão ter relação sexual com um profissional do sexo. “Mas se for com um amigo, ex-namorada, acham que não precisa usar. Quando é sexo oral, pior ainda. Mas a transmissão ocorre em qualquer forma de sexo. Qualquer pequeno machucado é suficiente para que ocorra a transmissão da doença entre uma mucosa, seja vaginal ou oral, pra outra mucosa. É uma batalha árdua convencer as pessoas a usar proteção nessa situação”, concluiu.

 

Fonte: Dermato Bahia 2017

Foto: Google

Redação Saúde no Ar

 

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