De acordo com Souza, estima-se que 1,3 bilhão de pessoas vivem em áreas de risco para transmissão do vírus chikungunya, e o Brasil é o país com maior ocorrência de casos da doença nas Américas. “Neste estudo epidemiológico, usamos dados de sequenciamento genômico, informações do vetor do vírus, o Aedes aegypti, e dados clínicos agregados de casos de chikungunya no Brasil, o que representa mais de 250 mil casos confirmados por exames laboratoriais”, relata. “Em seguida, avaliamos a dinâmica espaço-temporal da chikungunya no Brasil por meio de séries temporais, mapeamento, distribuição de idade e sexo, letalidade e análises genéticas, entre outros fatores”.
A pesquisa mostra que entre 3 de março de 2013 e 4 de junho de 2022, foram notificados 253.545 casos de chikungunya confirmados em laboratório em 3.316 (59,5%) dos 5.570 municípios, distribuídos principalmente em sete ondas epidêmicas de 2016 a 2022. “O Ceará foi o mais afetado, com 77.418 casos durante as três maiores ondas epidêmicas, ocorridas em 2016, 2017 e 2022”, aponta o pesquisador. “Assim, sequenciamos os genomas do vírus e identificamos que a recorrência de chikungunya em 2022 no Ceará, após um hiato de quatro anos, foi associada a uma nova introdução de uma linhagem leste-centro-sul-africana, provavelmente originária de outros estados brasileiros. O estudo também estima que essa nova linhagem de CHIKV foi introduzida no Estado entre meados e final de 2021”.