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Músicos com paralisia cerebral dão show para crianças em Coimbra

Nesta terça-feira,(07.07) funcionários, sócios, voluntários e amigos da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), em Portugal, fizeram uma caminhada para celebrar os 40 anos da entidade. A caminhada foi considerada pelos seus organizadores como uma oportunidade para reforçar os laços entre a comunidade que constitui a Associação- uma organização de referência, a nível nacional e internacional, na habilitação e integração plena da pessoa com deficiência e incapacidades e outras em situação de desvantagem- num momento de forte simbolismo reforçado pelo seu quadragésimo ano de fundação.

O evento faz parte de uma série de outros que serão realizados durante todo o ano, incluindo a celebração do Dia Nacional da Paralisia Cerebral, no dia 20 de outubro, e a realização de um grande seminário internacional sobre paralisia cerebral previsto para o dia 25 de novembro.

Mas, uma das maiores atrações, ocorreu na Quinta da Conraria, da APCC, como parte das atividades do acampamento de férias, em Coimbra, com a realização de um worshop para crianças, com um show musical com a apresentação da banda 5ª Punkada. Até aí, nada de mais não fosse a banda formada por pessoas com paralisia cerebral, conforme reportagem de Graça Barbosa Ribeiro, publicada no site da UOL nesta segunda-feira (06.07).
As crianças chegaram descontraidamente, como conta a repórter, até perceberem que havia algo diferente. Duas meninas são as primeiras a entrar e uma se dirige ao único elemento feminino da banda. “Por que é tens o braço amarrado à cadeira?”pergunta.

Fátima Pinho, de 50 anos, mostra que não pode mexer o braço direito até que alguém o liberte: “Não controlo os movimentos e podia atirar o teclado pelos ares, entendes?” A garotinha faz que sim. E mais perguntas: “Já nasceste assim?” “Gostas de outras bandas de música?” “Dormes na cadeira?” “Preferes carne ou peixe?” “Como é que passas para a cama?” “Quantos anos tens?” Fátima afirma que não lhe doem os olhares nem as perguntas dos outros, ali, na Quinta da Conraria. Está em casa, numa zona rural onde se concentram uma residência e vários centros de apoio e de atividades pedagógicas da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC).

Depois o grupo, conforme narração da repórter, se vira para Fausto, outro componente da banda. Paulo Jacob, o musicoterapeuta, nem incentiva nem trava a conversa entre as crianças e os músicos. Ele também não costuma intervir no início das sessões, quando grupos maiores se deslocam à Quinta da Conraria para os ateliers de música, uma das muitas atividades pedagógicas oferecidas pela APCC durante o ano letivo.

Também ninguém lhes explica, antes de a sessão acabar, que as pessoas com lesões no cérebro podem ter uma inteligência normal, como Fausto e Fátima. Ou que alguém como Márcio Reis, o baterista, que tem a síndrome de Williams, pode conciliar problemas cognitivos graves com uma grande sensibilidade para a música, que lhe permite tocar os mais diversos instrumentos e o tornou vencedor de dois festivais europeus da canção para pessoas com deficiência mental.

Paulo Jacob caminha no palco, sorridente, falador, acolhedor com a sua guitarra elétrica. Ele ficou no lugar do terapeuta Francisco Sousa, já falecido, e que parece ocupar um lugar permanente no coração dos músicos da “Punkada”.

Mas, Graça Ribeiro afirma que é o corpo de Fausto que primeiro prende os olhares. Quase deitado na cadeira de rodas, “o corpo se move permanentemente e de forma descoordenada, com esticões involuntários. Não é fácil entender o que Fausto diz, mesmo que seja uma simples saudação”. “As palavras soam como se fossem arrancadas, uma a uma, com esforço, e se soltassem de repente para se juntarem ao resto da frase”, observa Graça.

Segundo a narrativa, Paulo Jacob não conta às crianças que aquele corpo, que tem dificuldades em articular as palavras e em controlar os braços e as pernas, é do autor de quase todas as letras das músicas originais dos 5.ª Punkada; que esse corpo pertence a alguém que em menino teve o sonho de ser vocalista de uma banda de rock, como o Bon Jovi, mas que ouviu mil vezes que esquecesse essa ideia, que não era possível. E que, apesar disso, criou uma banda que atuava em playback. E que um dia, há 24 anos, contra todas as expectativas, se tornou, mesmo, o vocalista da banda de rock e pop da APCC, os 5.ª Punkada. “Houve alguém que apostou em mim, o terapeuta Francisco. E desde aí nunca mais deixei de cantar”, diz Fausto se referindo ao ex-chefe da banda.

As crianças se divertem ao som da música e ao sair não são mais as mesmas que entraram. Tudo parece diferente, as perspectivas são outras e os músicos já não parecem seres de outro mundo.

Com informações do UOL

Aurora Vasconcelos

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Jorge Roriz

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