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Mulher deficiente: lutas, conquistas e sexualidade

As lutas e conquistas das mulheres com deficiência no Brasil, pouco são lembradas, e no dia 8 de março, data em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, não é diferente. Segundo pesquisas recentes, existem no mundo cerca de 300 milhões de mulheres com deficiência, e 80% delas vivem em países pobres.

A invisibilidade dentro da sociedade e das políticas públicas é a principal pauta discutida dentro do movimento feminino com necessidades especiais. No livro teologia e deficiências, da editora Sinodal, Iára Muller, ao discorrer sobre a temática da teologia e gênero, chama atenção para uma gravíssima violência que afeta mulheres e crianças deficientes:

“Existem muitas mulheres e meninas com deficiência (especialmente com deficiência mental) sendo abusadas em hospitais por alguém da equipe de atendimento (especialmente enfermeiros). O mesmo acontece em lares e instituições e em suas próprias casas. Uma das razões que torna as mulheres e meninas com deficiência mais vulneráveis ao abuso é o fato de que há uma grande falta de informação e inadequada educação sexual. Casos de abuso contra mulheres e meninas com deficiên­cia são raramente relatados à polícia, porque não se acredita no que elas contam”.

Luiza Câmera, presidente da Associação Baiana de Deficientes Físicos, explicou ao Saúde no Ar, as barreiras que ainda precisa romper na mobilidade urbana, e enfatizou que a mulher deficiente não é assexuada, como a maioria das pessoas erroneamente, imaginam.

Luiza citou um exemplo que a marcou quando estava gestante: “Passeava na rua e me questionaram; como eu iria parir uma criança, sendo cadeirante?”. Ela reafirmou, em seguida, que a discussão do tema precisa ser em lembrar as pessoas que todos convivem com a sexualidade normalmente.

A coordenadora da Associação Baiana de Cultura e Inclusão, Cristina Gonçalves, que é deficiente visual, chamou em questão a violência que as mulheres sofrem pela condição que se encontram, ela explicou ao Saúde no Ar que a violação dos direitos começam dentro da casa, pois são tratadas como pessoas incapazes  e ficam impedidas de estudar, trabalhar e tomar as rédeas da sua própria vida. As consequências de imaginar a mulher deficiente como inábil, gera violência física também, pois elas acabam sujeitas à todos os comandos e subcomandos dos seus parceiros em relacionamentos, extremamente abusivos.

Avanços- O documento final da 4ª Conferência Nacional da Pessoa com Deficiência foi aprovado com 89 propostas, que englobam temas com a implementação de políticas públicas para a criação de programas que vão atuar na defesa e conscientização de temas como a diversidade sexual, a identidade de gênero, o enfrentamento ao racismo, homofobia e sexíssimo, além da participação social de órgãos gestores e a interação entre os poderes e os entes federados.

As propostas foram dividas em três eixos: gênero, raça e etnia, diversidade sexual e geracional; órgãos gestores e instâncias de participação social; e a interação entre os poderes e os entes federados. O texto visa políticas que fortaleçam e ampliem políticas públicas para a saúde da mulher, promovendo a transversalidade das políticas públicas da pessoa com deficiência, visando à melhoria da qualidade de vida para mulheres e meninas com deficiência. Outro ponto é a criação de indicadores para o enfrentamento à violência contra as pessoas com deficiência.

O texto contempla, ainda, a garantia de acessibilidade em órgãos de Segurança Pública, assistência a pessoas com deficiência vítimas de violência e políticas públicas de combate a todas as formas de discriminação – diversidade sexual, identidade de gênero, enfrentamento ao racismo, homofobia, sexismo, xenofobia e a valorização das diferenças étnico-raciais.

Ouça o bate-papo completo das ativistas no Saúde no Ar:

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Linda Gomes

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