Na caderneta de vacinação da criança suspeita de poliomoelite, moradora do Pará, não consta registro de vacina inativada poliomielite (VIP), (vacina inativada Pólio) que deve ser administrada anteriormente à VPO ( vacina polío oral).
A criança começou a apresentar sintomas em 21 de agosto, um dia depois de ter recebido a vacina polio oral( VPO), em gotas. O paraense, no entanto, não havia recebido anteriormente a VIP (injeção), como orienta o PNI (Plano Nacional de Imunizações)
Em geral, a vacina poliomielite oral (VOP) é bem tolerada, e muito raramente está associada a algum evento adverso grave. Destaca-se que o risco de paralisia flácida aguda com a VOP é muito raro e que quando a VOP é aplicada como reforço após o esquema básico com a vacina VIP esse risco é praticamente nulo”, informou, em nota, o ministério da Saúde.
A possibilidade de um quadro de poliomelite associada ao vírus vacinal (VAPP) na criança paraense foi levantada porque um exame nas fezes do menino deu resultado positivo para o poliovírus Sabin Like 3, um dos componentes da dose de reforço contra a pólio, a gotinha. A análise da amostra foi feita pelo Instituto Evandro Chagas.
Em cada um milhão de crianças que tomam a VOP, somente 03 apresentam a poliomielite. Mas tomando a VIP primeiro (injetável) e a VOP depois (gotinha), o risco de contrair a doença é quase zero.
Consultada, a Secretaria de Saúde do Pará não se pronunciou sobre a conclusão ministerial. Na verdade, o que o MS descarta é a hipotese criada pelo próprio Ministério de que a paralisia seria causada pela vacina.
De acordo com o Ministério da Saúde, o caso ocorrido no município de Santo Antônio do Tauá é de “paralisia flácida aguda”.
“Ainda segundo a pasta, a criança, que foi atendida ambulatorialmente, não precisando ser internada, está evoluindo bem, recuperando sua força muscular. Ela, no entanto, permanece com “discreta claudicação em membro inferior esquerdo”.
“A investigação deve incluir a hipótese de poliomielite e uma série de exames deve ser realizada a fim de identificar o real agente causador da paralisia flácida” afirmou a infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia Raquel Stucchi
A fim de tranquilizar a população, o ministério informou que, das 764 milhões de doses de COP aplicadas em crianças entre 1989 e 2012, foram registrados apenas 50 casos de pólio vacinal. “A partir de 2012, com a introdução do esquema sequencial VIP/VOP, não ocorreram mais casos de pólio vacinal no país”, acrescentou.
“O Ministério da Saúde reforça que pais e responsáveis vacinem suas crianças com todas as doses indicadas para manter o país protegido da poliomielite, doença eliminada no Brasil”,
O poliovírus Sabin Like 3 detectado nesse caso não tem, de acordo com o ministério, caráter transmissível e também não altera o cenário epidemiológico no território nacional. Assim sendo, o ministério assegura que “não há casos confirmados de poliomielite no Brasil desde o ano de 1989, e o país segue com a certificação de eliminação da poliomielite”.
A infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia Raquel Stucchi explicou à Agência Brasil que a paralisia flácida aguda pode ter várias causas, inclusive a infecção pelo vírus da poliomielite. “Existem outros vírus causadores deste quadro, que também pode ser autoimune, mas sempre que a paralisia flácida aguda for diagnosticada, a investigação deve incluir a hipótese de poliomielite e uma série de exames deve ser realizada a fim de identificar o real agente causador da paralisia flácida”.
Ao comunicar a suspeita de poliomielite à pasta, a secretaria estadual já tinha apontado outras hipóteses diagnósticas, como a Síndrome de Guillain Barré, que ainda não foi descartada.
Jorge Roriz