Metais pesados, hormônios e agrotóxicos estão na água que chega às torneiras .
Análises apontam contaminação em amostras de fontes de abastecimento, inclusive de água que passou por estação de tratamento. E as concentrações vão muito além do limite permitido
A advertência é da engenheira química e professora titular do campus Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Sonia Corina Hess. Autora de pareceres técnicos para órgãos públicos, como defensorias e promotorias, a especialista é organizadora de um livro em fase de edição na Editora Expressão Popular, que reúne ensaios sobre poluição e doenças no Brasil. No capítulo de sua autoria, Sonia reúne dados de suas pesquisas, além de outros cientistas nacionais e estrangeiros que apontam para a necessidade de o poder público priorizar políticas relativas ao acesso à água e, principalmente, o tratamento de esgotos
“No Brasil, coletamos apenas 57% dos esgotos gerados, e tratamos apenas 45% do total. É por isso que a cada verão as praias ficam impróprias para banho, inclusive em Santa Catarina. Quanto mais gente, mais esgoto… Nas regiões de pecuária intensiva, o problema é pior ainda. As águas recebem grandes quantidades de dejetos, resíduos de agrotóxicos e de medicamentos utilizados nas granjas. Também por isto nossos rios estão totalmente poluídos”, explica a professora e engenheira química, titular do campus Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Sonia Corina Hess.
Sonia defende também a revisão dos limites para nitratos e nitritos, cuja ingestão pode causar sérios danos à saúde humana. Portaria do Ministério a Saúde estabelece limite de 10 mg/L de águas de abastecimento. Porém, essa concentração é suficiente para desencadear doenças graves, como a metemoglobinemia, conhecida como síndrome do bebê azul. Como nitratos e nitritos nas águas provêm da contaminação por esgotos, o único jeito é melhorar os índices de tratamento de esgotos no país”.
Pesquisas mostram que os nitritos e nitratos, usados como conservantes e antibactericidas, podem se transformar em nitrosaminas, substâncias causadoras de câncer de estômago, entre outros.
“Dá para entender, aos poucos, por que o câncer mata mais de 200 mil pessoas ao ano no Brasil, não é? É uma doença proveniente da poluição, e a água é bem relevante nisto, já que constitui-se no nosso principal alimento. Alternativas para eliminar poluentes tóxicos das águas de abastecimento existem, como a aplicação de ozônio, a ultrafiltração, a nanofiltração e a osmose reversa. Como é possível atualizar os limites para a presença desses poluentes que já foram ultrapassados e não há outros mananciais disponíveis para o abastecimento público?”, questiona Sonia Hess
Fonte: Universidade de Santa Catarina – UFSC
Assista o vídeo abaixo. Sônia fala da contaminação no estado de Santa Catarina.
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