Há exatamente um ano, eu vim aqui me apresentar como nova diretora-executiva de Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Brasil, agradecer a confiança em nosso trabalho e reforçar o nosso compromisso conjunto em nunca deixar de olhar pelos que sofrem as duras consequências de emergências humanitárias em qualquer parte do mundo. Hoje, o que estamos vendo é um momento extremo de crise sendo vivenciado por nossos pacientes e profissionais na Faixa de Gaza.
Uma tragédia humanitária angustiante que acontece em um contexto de crise crônica e que já afeta a região há muito tempo. As pessoas que vivem em Gaza dependem, de forma vital, de assistência humanitária regularmente. Mas agora, em meio a constantes bombardeios e cerco, falta tudo! Faltam profissionais nos hospitais, alimentos, água, abrigo seguro, medicamentos, equipamentos médicos e até mesmo combustível, o que significa que todos os pacientes que estão atualmente em unidades de cuidados intensivos ligados a ventiladores mecânicos e bebês que estão em incubadoras poderão morrer por falta de eletricidade. Recebi fortes relatos de cirurgiões que tiveram que operar crianças sem anestésicos adequados, pois eles não estão mais disponíveis. É desumano!
Estamos falando de pessoas sendo privadas de seu direito à saúde e de números assustadores: cerca de 800 a 1.000 pessoas são feridas todos os dias em Gaza, e esse número inclui apenas aquelas que conseguem chegar a um hospital, o que tem sido um desafio pela ausência de lugares e passagens seguras. Atualmente, 320 profissionais de MSF estão em Gaza, a maioria são palestinos e muitos perderam suas casas ou familiares em decorrência da violência. Precisamos continuar trabalhando na região, mas estamos enfrentando obstáculos sem precedentes.
Hospitais não podem ser alvos. É urgente que as instalações de saúde estejam seguras e voltem a funcionar integralmente e que suprimentos médicos e humanitários, além de profissionais de saúde, sejam autorizados a entrar em Gaza para fornecer apoio às pessoas e cuidados que salvam vidas.
Em momentos como esse, precisamos reforçar que: só conseguimos aliviar o sofrimento dessas pessoas graças ao apoio dos nossos doadores.
Meu sincero agradecimento a você, pelo interesse no nosso trabalho
Renata Reis – Diretora Executiva dos Médicos Sem Fronteiras