Para a cientista chinesa, Tu Youyou, vencedora do Prêmio Nobel de Medicina por descobrir um novo tratamento contra a malária, a distinção é uma honra para a ciência e para a medicina tradicional chinesa. Ela divide o Nobel deste ano com o japonês Satoshi Omura e com o irlandês William C. Campbell, agraciados pelo trabalho deles sobre infecções causadas por parasitas.
Tu é a primeira mulher chinesa a ser laureada com um Nobel, em qualquer uma de suas categorias, e a primeira cidadã do país a fazê-lo em Medicina, estabelecendo um feito inédito ao basear suas pesquisas na medicina tradicional chinesa, uma disciplina que nem sempre é reconhecida no Ocidente devido a sua base empírica, conforme reportagem publicada no UOL.
A cientista, 84, descobriu em 1969 na artemisinina, um derivado da artemísia, um tratamento contra a malária que salvou milhões de vidas no mundo. Quando representantes do governo a visitaram em Pequim para parabenizá-la, na segunda-feira à tarde (05.10) ela teria dito, segundo publicou a agência oficial “Xinhua”, que “a artemisinina é um presente da medicina tradicional chinesa para a população mundial”.
Tu detalhou que “a descoberta” desse tratamento “é um exemplo bem-sucedido de uma pesquisa coletiva em medicina tradicional chinesa”, compartilhando o mérito com seus companheiros, depois que, no passado, alguns deles a criticaram por, supostamente, “se apossar” dessa conquista.
Pesquisas de 1.300 anos
O descobrimento de Tu remonta às suas pesquisas nos anos 1960 e 1970, em plena Revolução Cultural, quando os cientistas eram considerados contrarrevolucionários e não tinham permissão de continuar com suas pesquisas.
O ditador Mao Tsé-tung, porém, deu permissão para que ela investigasse um tratamento contra a malária e ajudou a financiar seu trabalho devido ao elevado número de mortes que a doença estava causando no sul do país. Tu atribui sua descoberta a um livro de 1.300 anos de idade que encontrou na ilha de Hainan, no sul do país.
No manuscrito de mais de mil anos da medicina tradicional chinesa, que é baseada na tentativa e erro e em experiências que foram sendo descritas nos livros ao longo da História, se destacava que o absinto chinês (artemisia annua) era considerado pelos moradores da região como um bom remédio contra a febre, um possível sintoma da malária. Então, Tu, com apenas 39 anos, conseguiu isolar o princípio ativo dessa planta, a artemisinina.
Redação Portal Saúde no Ar