O ministro da Saúde, Henrique Mandetta. advertiu o presidente Jair Bolsonaro e outros ministros durante reunião tensa no sábado, 28, que, se morrerem mil pessoas, será o correspondente à queda de quatro Boeings. Depois, perguntou:
“Estamos preparados para o pior cenário, com caminhões do Exército transportando corpos pelas ruas? Com transmissão ao vivo pela internet?”
Mandetta também disse que ele e sua equipe não vão pedir demissão no meio da crise, mas estão prontos a sair depois dela se for o caso. Ele, inclusive, se colocou à disposição para assumir a função de “bode expiatório”, em caso de fracasso, e se comprometeu a não capitalizar politicamente, em caso de sucesso. Disse que não tem ambições políticas nem reivindica nenhuma posição de destaque.
No domingo, 29/03, contrariando as determinações do Ministério da Saúde, o presidente Bolsonaro, esteve em Ceilândia, subúrbio de Brasília, cumprimentando pessoas e defendendo o fim do isolamento.
Bolsonaro justificou sua ida a pontos de comércio local, como em Taguatinga e Ceilândia, cidades satélites da capital federal, como uma forma de “ouvir o povo” sobre os problemas do Brasil.
“Se eu não ouvir o cara falar que está na banana, como é que eu vou me sentir para poder agir?”, disse.
Para sustentar seu argumento de que o isolamento é prejudicial, Bolsonaro citou, sem apontar números, um aumento da violência doméstica.
“É só mostrar isso, tem mulher apanhando em casa. Por que isso? Em casa que falta pão todos brigam e ninguém tem razão. Como que acaba com isso? O cara quer trabalhar, meu Deus do céu, é crime agora isso?”
Ele falou ainda em “casos absurdos” como a detenção de pessoas que estavam passeando pela praia. Segundo o presidente, trata-se de um local “seguro” por ser aberto.