Quando começou a sentir dores no olho, Jéssica foi pressionada pelos amigos a procurar um oftalmologista. O primeiro diagnóstico foi uma úlcera, mas uma semana depois do tratamento, ela fez novos exames e os médicos detectaram o problema real. “Eu sentia como se houvesse algo no meu olho, porque ele ficava fechando toda hora”, contou a jovem de 19 anos.
Na verdade, Jéssica estava com ceratite, uma doença causada pelo protozoário parasita Acanthamoeba keratitis, uma doença não muito comum, descoberta recentemente no Brasil. Os primeiros casos são de 1988. A doença acontece mais com pessoas que utilizam lentes de contato, caso de Jessica. No Reino Unido, um em cada 50 mil usuários de lentes são infectados com esse protozoário a cada ano.
O tratamento da doença foi intensivo, e, com medo de perder a visão, Jéssica o seguiu fielmente, tendo que pingar colírio no olho a cada 30 minutos. “Tinha que fazer isso dia e noite por quatro dias. Isso significava, que eu não podia dormir”, afirmou.
A garota conta que podia apenas ver as cores, mas não conseguia distinguir as coisas com o olho infeccionado. Apesar de o tratamento ter sido difícil, a jovem diz que seguiu tudo à risca com medo de não voltar mais a enxergar por aquele olho.
Segundo contou à BBC, a infecção é mais comum para pessoas que usam lentes porque o protozoário fica na água e, quando se põe a lente na água e depois no olho, ele se hospeda ali. “Quando você coloca a lente, o parasita fica ali e começa a ‘comer’ seu olho. Isso é o que causa a dor”, conta afirmando que não sabe como foi infectada, pois sempre foi muito cuidadosa com as suas lentes.
Depois de quatro dias de tratamento rígido, Jessica melhorou. Não sente mais dores e enxerga bem, mas ainda precisa pingar colírio 20 vezes ao dia.
O QUE É A CERATITE
A ceratite é uma infecção na córnea, a chamada “janela” na frente dos olhos. É causada por um parasita unicelular que pode gerar um dano permanente na visão e até mesmo a cegueira.
Sem contato com os olhos, o Acanthamoeba Keratitis é inofensivo para humanos. Mas ele pode se hospedar nas pessoas quando lavamos os olhos (ou as lentes), quando nadamos ou bebemos água.
O problema é que o diagnóstico da doença às vezes é difícil porque ela pode ser confundia com outros tipos de infecção.
Ter cuidados com as lentes é um conselho que os médicos sempre dão aos seus usuários, pois bactérias, fungos e outros microorganismos podem aderir às lentes causando dor, irritação e até infecções graves, como a ceratite.
Para evitar problemas, médicos aconselham alguns cuidados básicos:
• Não dormir de lentes, por exemplo, já que elas não foram desenhadas para isso e o uso prolongado pode maltratar a córnea.
• Não tomar banho ou nadar com as lentes.
• Para desinfetar as lentes é bom deixá-las armazenadas de molho em uma solução especial – e nunca reutilizar a solução desinfetante.
• Lavar todos os dias a caixa onde você guarda as lentes e secá-la depois, além de trocá-la periodicamente.
• Sempre lavar muito bem as mãos e enxaguá-las antes de manusear as lentes.
A foto publicada é do arquivo pessoal de Jéssica.
A.V.