Um jovem de 25 anos, identificada como Jéssica Avelino Morais, morreu após passar mal dentro de uma academia no bairro de Tancredo Neves, na noite desta terça-feira (27), em Salvador. A família desconfia que o uso de anabolizantes pode ter provocado a morte da jovem.
Jéssica foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu. “Quando eu cheguei lá, ela estava na ânsia ainda, fizeram de tudo, mas não adiantou”, contou Joseval Moraes, pai de Jéssica.
A mãe da jovem Valdinete Avelino contou que antes de morrer, ela pediu desculpas antes de morrer. “Eu fiquei triste porque não consegui ir ver ela, porque não me chamaram logo. Disseram que ela falou ‘diga a mainha e painho que me perdoem’, porque a gente reclamava com ela dessa medicação, que não era pra ela tomar”, contou, em entrevista à TV Bahia.
Ainda segundo Valdinete, Jéssica malhava há muito tempo e já tinha tido um surto semelhante ao que aconteceu ontem. “Ela tomou uma vez, ficou em surto, como quem ia morrer”, lembrou. O enterro de Jéssica está marcado para as 17h, no Cemitério Quinta dos Lázaros.
Perigo do uso de anabolizantes- Estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) comprova que o tratamento com o esteroide anabolizante altera os hormônios da tireoide e o metabolismo da glicose, gerando resistência à insulina e alterações na produção de glicose quando se está em jejum.
Informações obtidas pela Agência Brasil revelam que os dois estudos demonstram que a utilização crônica de anabolizantes pode levar a alterações dos hormônios do organismo, o que acarreta modificações importantes nas taxas de glicemia, colesterol e triglicerídeos, impactando negativamente na saúde dos indivíduos que fazem uso destas substâncias.
A comprovação das implicações que o uso dos esteroides e dos impactos que podem causar no organismo é considerada importante pelos pesquisadores para a conscientização da população e para profissionais da área de saúde, incluindo professores de Educação Física, sobre os efeitos colaterais relacionados à utilização de anabolizantes.
Para o coordenador do estudo, Rodrigo Fortunato, “é muito importante que esses profissionais estejam bem informados para poderem esclarecer o público sobre o tema, exercendo, assim, o papel de promotores da saúde e do bem-estar da população”. Fortunato coordenou a pesquisa junto com o aluno de mestrado Luiz Fernando Fonteboa.
Radicais livres– Os pesquisadores da UFRJ também concluíram que a utilização de doses elevadas de anabolizantes aumenta a produção de radicais livres em tecidos como fígado, rins e coração. “É importante ressaltar que os radicais livres podem interagir com macromoléculas celulares como lipídios, proteínas e ácidos nucleicos, o que está associado a diversas doenças, como diabetes, câncer e infarto do miocárdio”, alerta o coordenador do estudo.
As informações indicam que duas pesquisas estão em andamento com praticantes de musculação que relataram o uso de esteroides. Estão sendo avaliadas a produção e detoxificação (eliminação) de radicais livres no sangue e suas consequências fisiológicas; a relação entre hipertensão arterial e o sistema renina angiotensina (relacionado ao controle da pressão arterial); além de marcadores inflamatórios.
Anabolizantes– Os esteroides anabolizantes são compostos sintéticos derivados da testosterona, cuja ação fisiológica desenvolve efeitos divididos em duas categorias principais: os androgênicos e os anabólicos. A primeira categoria diz respeito à função reprodutora e manutenção das características sexuais masculinas, enquanto a segunda está relacionada ao estímulo do crescimento e da maturação dos tecidos não-reprodutores, entre eles, os tecidos muscular e ósseo.
No início dos anos 1950, fisiculturistas e halterofilistas começaram a utilizar os esteroides para melhorar a aparência física e o rendimento atlético. Sua utilização, no entanto, vem aumentando em larga escala desde a década de 1970, se disseminando também entre praticantes de outras modalidades esportivas e de exercícios recreacionais.
“As doses utilizadas por esses indivíduos chegam a ser 100 vezes maiores do que as concentrações fisiológicas de testosterona. Estão associadas a uma série de efeitos colaterais, que variam de acordo com a dose e o tempo de administração das drogas, sendo alguns deles irreversíveis”, alertam os pesquisadores da UFRJ.