Foi unindo-se em torno das lutas por reconhecimento que as mulheres começaram a ocupar um espaço antes reservado somente aos homens, o público. Das lutas eventuais passaram aos movimentos sociais de maior expressão em busca da igualdade, de reconhecimento e de respeito às diferenças naturalmente existentes entre homens e mulheres. A partir deste momento, as mulheres adquiriram uma nova identidade, que possibilitou uma nova história das mulheres, agora com direitos assegurados formalmente e inseridas nos diversos campos de atuação do mercado de trabalho. Mas, qual é a ideia masculina sobre isso?
Segundo Carla Ribeiro, psicóloga com abordagem em sexualidade humana e saúde do homem, “essa inversão de papéis, que implica a genuína tentativa de imaginar como é que o outro se sente, pode ser suficiente para travar a escalada de agressividade e colaborar para que a relação entre em modo de deterioração. Noutros casos, a interrupção do ciclo vicioso depende da intervenção especializada, nomeadamente da terapia conjugal”, explica.
A “sociedade dos homens”, produziu muita energia e, ao mesmo tempo suscitou tensões que atingiram o ponto de ruptura. “O pólo dominante, da conquista, da produção, da guerra, era o dos homens, enquanto o pólo feminino era figura principal da inferioridade e da dependência, e a inversão deixou muitos homens encucados com a perda da sua masculinidade e chefe da casa, o que causa certo atrito na relação”, pontua.
Já para as mulheres, o apoio do parceiro se tornou fundamental para seu crescimento, “porém a ilusão de algumas é que diante dessa inversão, o homem fique além da sua compreensão e se torne até mesmo mais carinhoso. Enquanto o homem não deixa de ser homem e se sente diminuído, algumas competitividades podem começar a existir, o que pode ficar bem difícil na relação a dois”, destaca a especialista.
As mulheres pensam mais em termos de superação do que de inversão ou compensação das desigualdades, portanto o que elas buscam ter no relacionamento além da compreensão, é o homem muito completo. Carinhoso, satisfatório sexualmente, ou seja, perfeito, o que é muito frustrante. “A mulher precisa entender que no seu crescimento, ela precisa aprimorar essa habilidade nos relacionamentos, pois o homem também vem mudando e tentando se ajustar, buscando entender o que essa mulher deseja; o que é muito difícil de cumprir, para alguém que pensa completamente diferente”, destaca.
Carla conclui que essas mulheres são na maioria das vezes emocionalmente infelizes, e precisam se permitir à conhecer alguém de verdade, não exigindo tanto quanto exigem de si em sua evolução, mas entender que “os opostos além de se atrair, podem se amar, e com isso se adequarem às suas imperfeições, transformando-as em perfeições sem fugir da realidade”, finaliza ela.
Fonte: Carla Ribeiro (Psicóloga)
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Redação Saúde no Ar