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Intervenção Federal: Rj pede socorro

A situação caótica na segurança pública do Rio de Janeiro serve de alerta para todo o país. Cada estado ou município  procure práticas alternativas de controle da criminalidade para não chegar ao ponto de necessitar da intervenção federal.

Para a organização não-governamental (ONG) Rio de Paz  “a intervenção só será bem-sucedida se houver o mínimo de transparência de seus executores, assim como integração entre os diversos atores do sistema de Justiça criminal e o máximo de  interlocução com o Poder Legislativo e a sociedade civil, por meio de seus representantes”.

É preciso que haja união entre os brasileiros, pois essa luta não é de um só, e sim, de todos. Não é por acaso que a Campanha da Fraternidade deste ano, traz como tema “Fraternidade e superação da violência”. O tema define o momento atual do Brasil, principalmente ao Rio de Janeiro, que vive um dos períodos mais críticos de ordem pública.

O objetivo da campanha é ajudar a construir a fraternidade e a cultura da paz, da reconciliação e da justiça. Para arcebispo de Brasília e presidente CNBB, Cardeal Sergio da Rocha, “A vida e a dignidade das pessoas e de grupos sociais mais vulneráveis são continuamente violadas de muitos modos. O assunto é urgente, não pode ser descuidado, nem deixado para depois. Requer a atenção e a participação de todos”.

O artigo foi publicado no Jornal Folha de São Paulo, 14 de fevereiro, no qual descreve o ápice da violência “A realidade da violência, com suas múltiplas faces, tem se revelado cada vez mais cruel e assustadora, duramente sentida pela população brasileira e cotidianamente estampada pela mídia”.

Redação Saude no Ar

Fonte:Rio de Paz/ CNBB

Foto:Internet

 

Leia, na íntegra, a nota do Rio da Paz:

A gravidade da situação da segurança pública no Rio é tamanha que há muito tempo muitos esperavam que já tivesse sido tomada alguma medida a nível federal, como a de agora. Há décadas que o sangue de inocentes no Rio clama por uma política pública mais eficiente na área de segurança pública. Com uma experiência de mais de uma década no monitoramento dos indicadores de criminalidade no Estado do Rio, sempre dando voz aos que não têm voz, o Rio de Paz vem manifestar publicamente suas preocupações com o acordo político que gerou a intervenção na área de segurança pública.

Em primeiro lugar, a intervenção do governo federal só será bem-sucedida se houver o mínimo de transparência de seus executores, assim como integração entre os diversos atores do sistema de Justiça criminal e o máximo de interlocução com o Poder Legislativo e a sociedade civil, por meio de seus representantes.

O sucesso da intervenção vai depender também da implementação de políticas públicas na segurança, que contemplem mudanças sociais estruturais para o êxito no combate ao crime, entre as quais estão uma reforma nas polícias e ações concretas na direção da redução da desigualdade, o imenso muro que separa as classes sociais no Rio.

Essas medidas é que vão garantir o legado da intervenção, para que tudo isso não se resuma a mais uma medida de emergência (em que pese tratar-se da primeira intervenção federal desde a Constituição de 1988) até as próximas eleições e nem sirva de trampolim político para eventuais oportunistas.

Assim como tem cobrado das autoridades da segurança pública estadual, o Rio de Paz estará vigilante e cobrando dos interventores um programa de metas, com a responsabilização dos executores, assim como cronograma de ações e um protocolo de atuação dos militares tanto no asfalto como nas favelas. O Rio de Paz espera sinceramente que todas as operações policiais-militares que possam advir da intervenção sejam subordinadas à Constituição e às leis.

Rio de Paz

Direitos humanos não têm lado

Leia, na íntegra, o artigo do arcebispo:

Seu tema é “Fraternidade e superação da violência”, com o lema de inspiração bíblica “Vós sois todos irmãos” extraído do capítulo 23 do evangelho de São Mateus.

A realidade da violência, com suas múltiplas faces, tem se revelado cada vez mais cruel e assustadora, duramente sentida pela população brasileira e cotidianamente estampada pela mídia.

A vida e a dignidade das pessoas e de grupos sociais mais vulneráveis são continuamente violadas de muitos modos. O assunto é urgente, não pode ser descuidado, nem deixado para depois. Requer a atenção e a participação de todos.

É possível superar a violência? O agravamento da situação, com a dificuldade de respostas justas, parece indicar a muitos que a resposta é negativa. A complexidade do problema, contudo, não pode levar à passividade e ao desânimo, nem a soluções equivocadas de cunho puramente emocional.

As reações de quem justifica a violência ou pretende combatê-la com mais violência são ainda piores. Precisamos pensar juntos sobre o seu significado e as suas causas para encontrar saídas condizentes com a dignidade humana e a ordem democrática.

A violência permeia também as práticas sociais. Dentre os seus múltiplos fatores está o contexto socioeconômico e cultural. A indignação diante da violência representada pelas situações de exclusão e negação dos direitos fundamentais, especialmente dos pobres e fragilizados, não pode ser menor do que a despertada por crimes bárbaros.

O investimento em segurança pública deveria ser acompanhado por gastos ainda maiores com o objetivo de assegurar condições de vida digna e os direitos fundamentais. A justiça social é o caminho para vencer a violência na cidade e no campo. A paz é fruto da justiça. Enquanto igreja, acreditamos que é possível, sim, superar a violência, em mutirão, cultivando parcerias e unindo as forças.

Como tarefa coletiva, necessita da atenção e dos esforços de todos, de acordo com os diversos graus de competência e responsabilidade. Há muito a ser feito por cada um, espontaneamente, nos ambientes em que vive superando, por exemplo, a agressividade e a intolerância nas redes sociais.

Embora seja importante a ação individual, também necessitamos de iniciativas comunitárias, com olhares atentos para as realidades local e nacional, ambas entrelaçadas. Se os temas trabalhados pela Campanha da Fraternidade exigem e conclamam a participação dos poderes públicos, isso é ainda mais verdadeiro neste ano, assim como é vital uma maior cooperação da sociedade civil organizada.

O ódio, a vingança e o fazer justiça pelas próprias mãos não são respostas; ao contrário, agravam ainda mais a realidade. A busca da justiça que conduz à paz não se faz por meio da violência. É motivo de esperança a defesa apaixonada da vida, da dignidade e dos direitos de toda e qualquer pessoa humana, testemunhada por muitos que acreditam na fraternidade e na paz.

A palavra de Jesus, “Vós sois todos irmãos”, lema desta Campanha da Fraternidade, nos desafia e anima a caminhar. É possível, sim, superar a violência e alcançar a paz construindo a fraternidade.

Cardeal Sergio da Rocha,

 

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