Instituto do Câncer apresenta ultrassom que destrói tumores

O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) inaugurou, no última quinta- feira (14/11),  um serviço de ultrassom (ondas sonoras de alta frequência, que o ouvido humano é incapaz de escutar) para destruir células cancerígenas sem a necessidade de cirurgia e anestesia. Apesar do efeito do ultrassom em tumores já ser conhecido, o novo equipamento consegue focar até mil feixes em um único ponto com a ajuda de um aparelho de ressonância magnética. Com o calor as células cancerígenas são queimadas sem que o aumento de temperatura afete os tecidos saudáveis vizinhos.

O novo equipamento – que estará disponível à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – é de tecnologia israelense e único na América Latina, tendo custado aos cofres públicos R$ 1,5 milhão. Conforme Marcos Roberto de Menezes, diretor do setor de diagnóstico por imagem do Icesp, seis mulheres já foram atendidas com sucesso para casos de miomas – tumores benignos, de tecido muscular e fibroso, conhecidos por afetar o útero. Mas o Icesp também já solicitou protocolos de pesquisa para testar a eficiência da técnica em metástases ósseas cânceres que se espalharam pelo corpo. “Essa tecnologia ainda é experimental não só no Brasil como em outros centros do mundo”, afirma Menezes, que completa: “No caso das metástases a aplicação seria um paliativo, mais indicada para reduzir as dores causadas pelo tumor e aumentar a qualidade de vida do paciente”. NA PRÁTICA O tratamento, no entanto, não serve para qualquer paciente. Um estudo anterior precisa ser feito para saber quem pode passar pelo ultrassom. “Dois fatores que são levados em conta na escolha das pacientes são o local do tumores e o tamanho deles”, comenta o médico do Icesp.

A técnica também dispensa o uso de anestésicos: os pacientes ficam conscientes durante toda a operação, recebendo apenas sedativos e, ainda, o procedimento não causa dor intensa. “As pacientes costumam reclamar de dores parecidas com cólicas menstruais, mas isso somente durante o exame”, comenta. Já no caso do uso da terapia contra miomas, essas pacientes deitam de bruços em uma esteira usada comumente em exames de ressonância magnética, quando o aparelho de ultrassom fica logo abaixo da cintura. O diagnóstico por imagem permite conhecer as áreas onde estão os miomas e, após definir os pontos que serão destruídos pelo calor, os médicos começam a disparar as ondas sonoras em pequenos pontos dos tumores.

Cada pulso demora apenas alguns segundos – vários são necessários para queimar uma área inteira; toda a operação pode levar até, no máximo, duas horas, enquanto que o ultrassom eleva a temperatura das células cancerígenas em até 80 ºC. “Esse calor destrói qualquer tipo de célula”, afirma Menezes, que completa: “A grande vantagem é que as áreas ao redor do tumor não são afetadas. A técnica é muito precisa e só ataca o que é necessário”. NOVO LABORATÓRIO Na mesma oportunidade o Icesp também inaugurou o Centro de Investigação Translacional em Oncologia – uma rede com 20 grupos de pesquisa em câncer.

O espaço foi aberto em cerimônia que contou com a presença do Governador Geraldo Alckmin e de Paulo Hoff, diretor do Instituto. Com uma área de 2 mil metros quadrados, o andar no Icesp permitirá o avanço em estudos sobre o câncer que reúnam conhecimentos de áreas diversas como biologia molecular, epidemiologia e engenharia genética. O custo do investimento foi de R$ 2 milhões.

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