A realidade se aproxima cada vez mais da ficção. Na Grã-Bretanha, homem recupera parte de sua visão a partir do fragmento de um dente. Foi o que mostrou o canal britânico BBC ao produzir um documentário sobre um homem de 43 anos que recuperou parte da visão, depois de passar por um implante de córnea artificial, feita a partir de um dente.
Ian Tibbets teve a córnea destruída e ficou cego depois de um acidente de trabalho, recorrendo a vários tipos de tratamentos para recuperar a visão, mas todos foram em vão. Até que resolveu tentar o procedimento experimental Osteo-Odonto-Queratoprótese (OOKP) em um hospital da Inglaterra.
A cirurgia, que durou meses, foi dividida em duas partes. Na primeira, os médicos extraíram um dente canino e uma parte do maxilar de Tibbetts e o recortaram até conseguir as dimensões parecidas com a de uma córnea. Em seguida, foi feito um pequeno furo para colocarem uma lente com uma broca dentro dele.
Depois, esse dente em forma de córnea com a lente foi colocado embaixo de um dos olhos do britânico e lá ficou por meses para que ele permanecesse vascularizado e criasse todos os tecidos necessários para a próxima etapa.
Finalmente, os médicos removeram a córnea danificada do britânico e colocaram o dente-lente no centro do olho, alinhado com a retina: “Esse procedimento, ainda inédito em muitos países, deve servir como último recurso para tentar fazer o paciente recuperar a visão ou parte dela. Ele só deve ser considerado em organismos que já rejeitaram transplantes de córneas”, diz o oftalmologista Johannes Abdouni.
Segundo Johannes, por ter sido criado a partir de tecidos do próprio paciente, o risco de rejeição ficou bem pequeno. Depois desse procedimento, Tibbetts recuperou cerca de 40% da visão, e os médicos acreditam que o quadro dele deva melhorar ainda mais com o tempo.
O procedimento ainda é bastante raro e somente cerca de 600 cirurgias foram realizadas até hoje no mundo. Contudo, ele não é tão novo assim. Ele foi criado na Itália em 1963 e, ao longo dos anos, foi se tornando mais conhecido principalmente em países da Europa e Ásia.“Eu não tenho conhecimento desta prática aqui no Brasil, pois acredito que não haja estudos científicos que garantam sua eficácia, sendo ainda um procedimento um pouco ousado”, diz Johannes.
Fonte: Terra
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