Análise publicada na última segunda-feira (21), no periódico Científico The Lancet, mostra que as infecções bacterianas comuns se tornaram a segunda principal causa de morte e foram associadas a uma em cada oito óbitos em todo o mundo em 2019.
De acordo com o estudo, em 2019 o mundo registrou 7,7 milhões de mortes associadas a 33 infecções bacterianas comuns. Apenas cinco bactérias foram ligadas a mais da metade de todos os óbitos. Segundo o estudo, os agentes bacterianos mais mortais e os tipos de infecção variaram de acordo com a localização e a idade dos pacientes.
ASsim, a pesquisa revela que as infecções bacterianas ficaram atrás apenas da doença do coração, que permaneceu como a principal causa de morte em 2019. Para os pesquisadores a redução nos agravos devem ser uma prioridade global de saúde pública.
Dessa forma, para os autores, construir sistemas de saúde mais fortes com maior capacidade laboratorial de diagnóstico, implementar medidas de controle e otimizar o uso de antibióticos são algumas das medidas essenciais para diminuir a carga de doenças causadas por infecções bacterianas comuns.
O estudo
Contudo, embora existam muitas estimativas para causadores de doenças como tuberculose, malária e HIV, até agora as estimativas da carga de agentes bacterianos limitavam-se a um conjunto restrito e tipos de infecção específicos ou focavam apenas em populações determinadas.
Mais mortes foram ligadas a dois dos agentes mais mortais – Staphylococcus aureus e Escherichia coli – do que HIV/Aids (864.000 mortes) em 2019.
Além disso, a pesquisa fornece as primeiras estimativas globais de mortalidade associadas a 33 agentes bacterianos comuns e 11 tipos principais de infecção. A estimativa acontece usando dados de todas as idades e sexos em 204 países e territórios.
Das 13,7 milhões de mortes relacionadas à infecção estimadas que ocorreram em 2019, 7,7 milhões foram associadas aos 33 patógenos bacterianos estudados. As mortes associadas a essas bactérias representaram 13,6% de todos os óbitos globais e mais da metade de todas aquelas relacionadas à sepse em 2019. Mais de 75% das 7,7 milhões de mortes bacterianas ocorreram devido a três síndromes: infecções respiratórias inferiores, infecções da corrente sanguínea e infecções peritoneais e intra-abdominais.
Cinco patógenos – S. aureus, E. coli, Streptococcus pneumoniae, Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa – foram responsáveis por 54,2% das mortes entre as bactérias estudadas. O agente associado ao maior número de mortes globalmente foi S. aureus, com 1,1 milhão de mortes. Quatro outros microrganismos foram relacionados a mais de 500 mil mortes cada: E. coli (950.000 mortes), S. pneumoniae (829.000), K. pneumonia (790.000) e P. aeruginosa (559.000). Um número semelhante de mortes femininas e masculinas foi associado aos principais agentes bacterianos.
A World Antibiotic Awareness Week
Ainda assim, a resistência de microrganismos aos antibióticos é uma das maiores ameaças à saúde global atualmente. O problema está associado diretamente ao uso excessivo e incorreto dos antibióticos disponíveis. Desse modo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) promove até o dia 24 de novembro a Semana Mundial do Uso Consciente de Antibióticos (World Antibiotic Awareness Week). O objetivo da campanha é conscientizar a população, os profissionais de saúde e gestores públicos sobre a resistência causada pelo uso indiscriminado de antibióticos.