Portal Saúde no Ar



Imunidade coletiva ao novo coronavírus pode ser alcançada com até 20% dos infectados

Um estudo publicado na plataforma medRxiv, ainda sem revisão por pares, estima que o limiar de imunidade coletiva ao novo coronavírus (SARS-CoV-2) – também conhecida como imunidade de rebanho,  pode ser alcançado em uma determinada região se algo entre 10% e 20% da população for infectada. Em 15 de julho a Organização Mundial de Saúde, disse que não há evidências de Imunidade de Rebanho no país.

Caso a projeção se confirme na prática, os desdobramentos tendem a ser positivos em dois aspectos. Primeiro porque significa que é pequeno o risco de ocorrer uma segunda onda avassaladora da pandemia nos países que adotaram medidas para conter a disseminação da COVID-19 e hoje já registram queda no número de novos casos. Em segundo lugar porque indica ser possível para uma cidade, um estado ou um país alcançar o limiar de imunidade coletiva mesmo tendo adotado medidas de distanciamento social que ajudam a evitar o colapso do sistema de saúde e a minimizar o número de mortes.

Segundo a pesquisa, medir em cada indivíduo de uma população cada um dos fatores que influenciam a suscetibilidade de contrair o novo coronavírus para então calcular qual seria o chamado “coeficiente de variação” – parâmetro-chave do modelo descrito no artigo – seria algo inviável. Por esse motivo, os pesquisadores optaram por fazer o caminho de trás pra frente. A versão mais recente do trabalho se baseia em dados de incidência (número de novos casos diários) da Bélgica, Inglaterra, Espanha e Portugal. “Pretendemos em breve estudar os dados do Brasil e Estados Unidos, onde a epidemia ainda está em evolução”, diz a pesquisadora.

De acordo com os autores, embora o coeficiente de variação seja diferente em cada país, de forma geral, o limiar de imunidade coletiva tende a ficar sempre entre 10% e 20% e isso é extremamente relevante para a formulação de políticas públicas.

Alimentar o modelo com dados do mundo real é a melhor forma de tornar suas simulações e estimativas mais realistas. Com esse objetivo, pesquisadores pretendem testar em um estudo de campo no Acre dois pressupostos usados nos cálculos do grupo: o índice de detecção da doença (a diferença entre o número real de infectados e o número de casos diagnosticados) e o tempo de duração da imunidade contra o SARS-CoV-2. O grupo do ICB-USP tem realizado a cada seis meses inquéritos domiciliares com uma amostra da população da cidade acriana situada na fronteira com o Peru. Além de aplicar questionários, os pesquisadores coletam amostras de sangue. A ideia é acompanhar como evolui a soroprevalência ao SARS-CoV-2 nessa população ao longo do próximo ano e observar por quanto tempo os anticorpos podem ser detectados no sangue. O trabalho conta com apoio da FAPESP. Veja também artigo sobre a evolução epidêmica no Brasil.

Fonte: Agencia Fapesp

Leia também: OMS diz que ‘Não há evidência de imunidade de rebanho no Brasil’

Pesquisador Israelense cria bafômetro que detecta coronavírus em 1 minuto

Covid atinge o coração e inflamação em músculo é achada semanas após recuperação

O jornalismo independente e imparcial com informações contextualizadas tem um lugar importante na construção de uma sociedade , saudável, próspera e sustentável. Ajude-nos na missão de difundir informações baseadas em evidências. Apoie e compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.