Há seis meses, após sair do dentista, enquanto caminhava até o ponto de ônibus, no bairro de Itapuã, uma manicure que pediu para não ser identificada, foi vítima de um estupro. Assustada, somente no dia seguinte ela confidenciou o caso a uma cliente que a encorajou a procurar a Delegacia da Mulher (Deam) e o Serviço de Atendimento a Mulheres Expostas à Violência Sexual (AME) do Hospital da Mulher (HM), no Largo de Roma, em Salvador. Após seis meses, ela já recebeu alta e incentiva outras mulheres a buscar ajuda.
"A mensagem que eu deixo é que elas não se calem. No dia do acontecido, é o que eles dizem: se a gente denunciar, eles acabam com a vida da gente, mas isso não é verdade", disse a manicure que contou como foi acolhida. "O meu atendimento foi excelente, ao chegar aqui, e u passei pela farmácia e em seguida fui encaminhada para psicóloga, infectologista e ginecologista. Daí, eu dei continuidade ao tratamento e hoje eu já recebi alta e levo a minha vida normal. O HM me deu total apoio", contou a manicure.
"Além do atendimento de emergência nós fazemos as consultas de seguimento. Depois que a paciente é liberada da observação, que faz todas as profilaxias (contra doenças sexualmente transmissíveis), ela é mantida vinculada ao hospital. No mínimo a paciente fica aqui seis meses após a violência, faz o controle sorológico, toda consulta com profissionais e a gente também faz aqui o serviço de interrupção legal da gestação para os casos de gravidez decorrente da violência sexual", explicou a coordenadora e médica ginecologista do serviço, Jamile Martins.
Referência estadual, o Serviço Ame funciona desde abertura do Hospital da Mulher. Até o início de outubro, foram recebidas 282 pacientes. Vítimas a partir de 12 anos são atendidas espontaneamente, encaminhadas através de outros órgãos ou referenciadas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Uma equipe multidisciplinar formada por médicas, farmacêuticas, psicólogas, enfermeiras e assistentes sociais trabalham no acolhimento.
Conforme o Art. 7º da Lei Maria da Penha, a violência sexual é qualquer conduta que constranja a mulher a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força. Também são considerados atos que a induzam a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.
Fonte: Governo do Estado
Fotos: Elói Corrêa/GOVBA
Foto Hospital da Mulher: Camila Souza/GOVBA
Redação Saúde no Ar