Seis leitos do Hospital Couto Mais foram reservados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) para atender pacientes com manifestações neurológicas, que estejam associadas às epidemias de dengue, chikungunya e zika vírus. Oito leitos foram reservados para o Hospital Roberto Santos e quatro para o Hospital das Clínicas.
Referência no tratamento de doenças infecciosas e parasitárias, o Hospital Couto Maia que completou 162 anos no dia 9 de abril deste ano, foi construído em meados do século XIX, para combater epidemias ao longo da história, evitando que doenças fossem disseminadas pelos viajantes que chegavam à cidade em navios.
Os 162 anos da instituição se deram em meio a turbulências e manifestações pela reforma do prédio que atualmente não tem mais capacidade para atender as demandas espontâneas , como as que ocorrem atualmente com os surtos das doenças provocadas pelo mosquito Aedes Aegypt.
Hoje, para ser internado no hospital é preciso ser encaminhado pela Central Reguladora da Sesab, através de um relatório médico, com descrição do quadro e suspeita diagnóstica para que haja uma avaliação da infectologia. Quanto aos casos de atendimento eletivo com infectologia, os pacientes são orientados a marcar consulta no ambulatório do hospital.
E isto, até que se resolva o imbróglio da construção do novo hospital , cuja licitação foi vencida pela Concessionária Consórcio Couto Maia, formado pelas empresas MRM e SM Gestão Hospitalar pelo sistema de Parceria Público Privada (PPP).
O anúncio do resultado da licitação foi feito em janeiro de 2013, mas as obras acabaram sendo paralisadas, ainda no início, porque o consórcio, de acordo com a Sesab, não teria conseguido capitalizar recursos para realizar a obra. O caso estaria em diligência na Procuradoria Geral do Estado (PGE) que disse aguardar novos dados da Secretaria para a conclusão do processo.
Contudo, em nota divulgada nesta sexta-feira (10.07) a Sesab informou que a obra já está 13% construída, e que aguarda a liberação dos recursos do financiamento contratado pela Concessionária Couto Maia- SPE Couto Construção e Serviços não Clínicos S/A.
Complexo exemplar
O ICOM, ou Instituto Couto Maia, fica no bairro de Águas Claras, em Cajazeiras, e conforme o projeto dispõe de uma área construída de 23.000,00 m² (foto da maquete) , devendo contar com 155 leitos de internação, sendo 30 deles de UTIs, bem como de um serviço de apoio diagnóstico com equipamentos de radiologia,ulltrassonografia, tomografia computadorizada, endoscopia digestiva, eletrocardiografia e eletroencefalografia.
Possuiria ainda um moderno centro cirúrgico com a ampliação dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). Está prevista ainda a construção de um memorial em homenagem ao médico Augusto de Couto Maia e a Dom Rodrigo de Menezes, sendo que a estimativa de investimentos para a construção e dos equipamentos é da ordem de R$ 97,3 milhões. A escolha do local provocou manifestações dos moradores de Monte Serrat, onde o hospital funciona, que se revoltaram com a saída do hospital do bairro.
A concessionária foi contratada em maio de 2013 pelo prazo de 21 (vinte e um) anos e 4 (quatro) meses, sendo um ano e quatro meses de investimentos e realização de atividades pré-operacionais e vinte anos de operação. O valor da contraprestação anual é de R$ 41,2 milhões a ser ampliada durante 20 (vinte) anos, a partir do início das operações dos serviços da concessão.
A MRM se posicionou através de nota encaminhada a redação do Portal Saúde no Ar, assinada por Dilson Andrade, engenheiro da construtora, garantindo que está sendo aguardada a conclusão da contratação do financiamento, já aprovado pelo agente financeiro. Segundo ele, o caso já está na fase de elaboração dos contratos e liberação dos recursos e levou mais tempo do que o esperado para a análise e aprovação, junto as alçadas competentes, por se tratar de um projeto complexo. Andrade disse, ainda, acreditar que a obra seja retomada ainda este ano e que a Sesab acompanha de perto o andamento do empreendimento.
Enquanto isso, o estado passa por um surto epidêmico causado pelo mosquito Aedes aegypt, agravado por mais um problema: o surgimento da Síndrome Guillain-Barré (SGB), uma manifestação autoimune rara que já causou uma morte na Bahia, estado com 29 pessoas infectadas.
As principais características da doença são a fraqueza muscular e paralisia dos músculos. Nesta quinta-feira (09.07) o Ministério da Saúde enviou nota exclusiva para o Portal Saúde no Ar esclarecendo as providências tomadas em relação à Síndrome Guillain-Barré. Segue a nota na íntegra:
” O Ministério da Saúde esclarece que a Síndrome Guillain-Barré (SGB) pode surgir após infecções por vários tipos de vírus ou bactérias. Trata-se de uma manifestação autoimune rara que tem como principais características a fraqueza muscular e paralisia dos músculos. Em 2014, foram registrados 65.884 procedimentos ambulatoriais e hospitalares no SUS em decorrência de Guillain-Barré.
O Ministério da Saúde acompanha, junto à Secretaria de Saúde do Estado da Bahia(Sesab), a investigação dos fatores associados à ocorrência da síndrome, e espera o seu resultado final.
Além disso, foram enviadas ao estado 300 unidades do medicamento imunoglobulina, utilizado para o tratamento da SGB. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece 35 procedimentos para tratamento de Guillain-Barré, entre procedimentos diagnósticos, clínicos, cirúrgicos, de reabilitação e medicamentos. Não há até o momento estudos que indiquem a relação entre a doença e casos de enfermidades.
De acordo com o Boletim Número 1, a situação epidemiológica da ‘Dengue, Chikungunya e Zika da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) até a semana passada, dia 26, foram notificados 58 casos de complicações neurológicas no estado. Destes, 29 foram confirmados como Síndrome Guillain-Barré.”
Da Redação do Portal Saúde no Ar
A.V.