O Hospital Geral do Estado (HGE) está capacitado para atender as ocorrências durante o São João, conforme garantiu o diretor-geral da instituição, André Luciano Santana. Segundo ele, o volume de atendimento aumenta em torno de 15 a 20% nesse período, mas há grande número de ocorrências relacionadas com acidentes de veículos, principalmente nas estradas.
No ano passado, HGE registrou 103 atendimentos de vítimas de queimaduras e explosão de bomba entre os dias 22 e 27 de junho. Desse total, 41 atendimentos foram decorrentes de queimaduras em geral, e somente 14 foram relacionados diretamente com os festejos juninos. No caso de explosão de bomba, foram 62 atendimentos, com 33 pacientes encaminhados para o Serviço de Cirurgia de Mão, com lesões graves. O Centro de Tratamento de Queimados do HGE é referência no estado e um dos poucos serviços no país dotados de centro cirúrgico e UTI próprios. O serviço possui 38 leitos e uma equipe multidisciplinar.
O atendimento a vítimas de queimaduras no HGE aumenta em torno de 15 a 20% durante o período de São João, enquanto o atendimento a vítimas de explosão de bombas, que resultam em trauma nas mãos, quase dobre em relação aos demais períodos do ano.
Com a proximidade dos festejos juninos, teme-se o aumento dos riscos de acidentes provocados por fogos de artifício, alguns com graves conseqüências como mutilações.
Porém, segundo o cirurgião plástico Carlos Briglia, coordenador do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Geral do Estado (HGE), as estatísticas não apontam para um aumento considerável no número de acidentes que resultam em queimaduras graves durante as festas juninas em Salvador.
“O maior número de casos atendidos no HGE durante este período é de queimaduras leves, que não precisam de internamento. Os municípios do interior concentram a maior incidência dos casos, inclusive aqueles de maior gravidade, resultantes do fabrico clandestino de fogos, e que podem provocar sérios acidentes, com mutilações e sequelas graves”, pontua o cirurgião.
Conforme explica o coordenador do CTQ, os primeiros cuidados em casos de queimaduras são importantes. “Em caso de queimadura, não devem ser usadas pomadas nem soluções caseiras. A região afetada deve ser lavada com água corrente e protegida com uma compressa úmida. Em seguida, o paciente deve buscar atendimento em uma unidade de saúde”, recomenda.
Para o cirurgião Marius Wert, coordenador do Serviço de Cirurgia de Mão do HGE, é preciso “atenção extrema” ao lidar com fogos de artifício, principalmente no caso de crianças, que não têm noção do perigo a que estão expostas. “O uso de fogos de artifício deve ser feito com muita atenção e cuidado. É comum acidentes como queimaduras, perda de dedos e, nos casos mais graves, até perda da mão”, adverte o especialista, recomendando que em caso de acidente com lesão na mão, o paciente deve ser encaminhado imediatamente para um serviço especializado.
Estudo divulgado pela Associação Brasileira de Cirurgia da Mão (ABMC) mostrou que ao menos 50% das mãos mutiladas no Brasil poderiam ser preservadas, caso o primeiro atendimento fosse especializado, e que no período de festas juninas, cerca de 90% dos acidentes graves, relacionados com explosão de bomba, resultam em amputações.
O médico Carlos Briglia enfatiza que é preciso muito cuidado no manuseio de fogos, e lembra que apesar das constantes campanhas e alertas feitos pelos especialistas, as pessoas ainda se descuidam e se expõem ao risco de acidentes. O coordenador do Serviço de Cirurgia de Mão do HGE, por sua vez, aconselha que as pessoas acendam os fogos de artifício o mais distante possível do corpo, principalmente das mãos, e que evitem soltar qualquer tipo de fogos de artifício quando estiverem ingerindo bebidas alcóolicas.
Fonte: Sesab
A.V.