Herpes atinge mais de 65% da população mundial, mas ainda há poucos avanços no tratamento

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Herpes atinge mais de 65% da população mundial, mas ainda há poucos avanços no tratamento

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, em todo o mundo, 3,7 bilhões de pessoas já tiveram manifestações de herpes.

O número equivale a 67% da população mundial abaixo de 50 anos, segundo dados da OMS de 2016, quando a organização fez a última estimativa de quantas pessoas já tinham apresentado sintomas da infecção pelo herpes oral ou genital em todo o planeta.

A OMS destaca que, na maioria dos casos, as primeiras infecções ocorrem na infância. Mas, além dos indivíduos que descobrem a presença do herpes, muitos outros bilhões de pessoas carregam o vírus no organismo sem nunca apresentar nenhum sintoma dele. Algumas pesquisas estimam que até 90% da população mundial já tenha tido contato com o herpes tipo 1 ou 2.

Apesar dessa enorme prevalência, novas descobertas sobre os vírus HSV-1 ou HSV-2, que provocam, respectivamente, herpes simples tipo 1 e 2, não são comuns no meio científico, e muitas das práticas atuais para prevenção e tratamento da doença são as mesmas de décadas atrás.

“Não tivemos muitas novidades nos últimos anos, especialmente em termos de tratamento”, afirma Lilian Fiorelli, ginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein e especialista na área de sexualidade humana.

Um artigo publicado em 2017 por pesquisadores brasileiros destaca que o vírus do herpes é, apesar da prevalência, bastante subestimado pela comunidade científica. Para a pesquisadora Daniele Rechenchoski, uma das autoras do estudo, a palavra “subestimado” é adequada porque o vírus causa, na maioria dos casos, sintomas leves a moderados, mas também pode provocar complicações.

Um dos aspectos mais pesquisados é a relação entre o aparecimento de lesões e a saúde mental dos pacientes. Um estudo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), publicado em março do ano passado, analisou a relação entre a recorrência do herpes simples e sintomas de estresse ou ansiedade durante a pandemia de Covid-19.

A partir do acompanhamento de 347 estudantes de odontologia que já haviam apresentado episódios de herpes oral antes da pandemia, o estudo estabeleceu uma correlação entre ansiedade no nível grave, ou estresse nos níveis moderado e grave, e manifestações mais frequentes da doença.

“Foi até curioso ver nossos resultados porque poucas pessoas relataram ter recorrência de lesões de herpes durante o período da pandemia. Mas, todos os que tiveram [casos recorrentes] relataram um grau de estresse de moderado a alto, então a gente conseguiu fazer essa associação”, explica a odontologista Fernanda Mombrini Pigatti, uma das autoras do estudo.

O que é herpes?

O herpes é uma infecção causada pelo vírus Herpes simplex. Ele é transmitido pelo contato direto das lesões com a pele ou mucosa de uma pessoa não infectada.

Existem dois tipos de herpes: o tipo 1 é causado pelo vírus HSV-1 e provoca lesões principalmente na boca ou no nariz, e por isso é conhecido como herpes oral. Já o tipo 2 é associado ao vírus HSV-2 e afeta, majoritariamente, os órgãos genitais. Apesar disso, as duas doenças podem causar feridas também em outras partes do corpo.

Nos últimos anos, tem aumentado a ocorrência de lesões provocadas pelo herpes tipo 1 nos órgãos genitais, ou pelo tipo 2 na boca, segundo ginecologistas.

“Devido ao alto grau de prática de sexo oral, tem se tornado mais comum ver o tipo de herpes que geralmente afeta a boca aparecendo nos genitais também”, explica Fiorelli, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Além do aparecimento das lesões, que formam pequenos agrupamentos de bolhas, os sintomas do herpes podem incluir ainda febre, fadiga, dor muscular e dor ao urinar, especialmente no caso do vírus tipo 2. Esses últimos sintomas são mais comuns na primeira manifestação da doença, que costuma ser mais intensa.

“No geral, a primeira manifestação aparece em um contexto de baixa imunidade, que pode ser logo após o primeiro contato, mas pode ser bem depois também. Esta primeira infecção costuma ter maior gravidade porque o organismo não gerou anticorpos para combater aquele vírus”, explica.

Não existe vacina ou cura para o herpes. Fatores estressantes para a doença, como exposição solar, variações hormonais ou estresse, favorecem o aparecimento das lesões.

Tratamento

Atualmente, o tratamento acontece com medicamentos antivirais que ajudam a desacelerar a progressão das feridas. No entanto, muitos pacientes reclamam que as medicações disponíveis hoje em dia são pouco eficazes e demoram para mostrar efeitos.

“Até [a ferida] parar de estourar e começar a secar, mesmo depois de tomar o remédio, demora uns dias. Seria bom se tivéssemos tratamentos mais rápidos, que agissem logo que você toma”, opina Feola.

Para contornar essa demora, o ideal é começar a tomar a medicação antiviral antes mesmo do aparecimento das lesões, quando ocorre uma sensação de coceira ou formigamento na região onde elas costumam aparecer. Isto porque o remédio não é capaz de interromper o ciclo das bolhas que já estão ativas, mas apenas evitar a propagação delas.

Assim como os tratamentos não evoluíram muito nos últimos anos, a recomendações para evitar a transmissão do herpes também continuam as mesmas. Como o contágio ocorre principalmente por meio de feridas ativas, é importante evitar contato íntimo durante a fase aguda da doença, ou seja, enquanto as lesões estão visíveis – isso inclui beijos e relações sexuais. A ginecologista Lilian Fiorelli recomenda ainda que os pacientes evitem tocar as feridas para que elas não se espalhem para outros locais do corpo.

Embora seja mais raro, indivíduos que não apresentam nenhuma lesão de herpes também podem transmitir a doença por meio do contato com a pele ou mucosa de uma pessoa não infectada.

No caso do herpes genital, nem mesmo o uso de camisinha é suficiente para prevenir totalmente a transmissão, já que os preservativos masculinos e femininos protegem apenas as áreas de pele que eles encobrem e o contágio pode acontecer a partir de lesões na base do pênis, na bolsa escrotal ou em áreas expostas da vulva, por exemplo.

 

 

 

Fonte:  Agência Einstein

 

 

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