Estilo de vida moderno, má postura e falta de atividade física são alguns dos motivos para que crianças e adolescentes desenvolvam a doença
São Paulo, janeiro de 2025 – Quando uma pessoa apresenta dor que irradia para outros membros, fazendo com que as atividades diárias se tornem difíceis ou até mesmo impossíveis de se realizar, pode ser que ela tenha diagnóstico de hérnia de disco.
Para o Dr. André Evaristo Marcondes, ortopedista e especialista em coluna do Núcleo de Medicina Avançada do Hospital Sírio-Libanês, o número de casos de jovens diagnosticados com hérnia é alarmante: “diferente do que a população acredita, doenças na região da coluna cervical, lombar ou torácica não são exclusivas de adultos e idosos. Elas podem acometer qualquer pessoa independente de idade, sexo ou classe social, o que existe é a prevalência de cada tipo de patologia separada por idade”, comenta.
Muita atenção aos sintomas
A discopatia pode iniciar com quadro de dor e\ou irradiada para o membro inferior ou superior, irradiação para dorso ou trajeto de arcos costais, ou mais raramente irradiações atípicas – como para crânio, região abdominal e pélvica, ou testículos. “É cada vez mais comum em meu consultório a presença de jovens abaixo dos 30 anos diagnosticados com hérnia de disco. O estilo de vida moderno, associado à má postura, falta de ergonomia, que muitas vezes o home office causa, traumas na coluna e desgastes nos discos intervertebrais, faz com que os jovens estejam cada vez mais predispostas a desenvolver doenças nesta região do corpo”, diz o médico.
Como é o tratamento
A maioria dos casos de hérnia de disco apresenta boa melhora somente com tratamento conservador, sendo utilizadas medicações analgésicas, fisioterapia, infiltrações guiadas por radioscopia, ou tomografia, e bloqueios de dor. É possível associar relaxantes musculares na presença de contraturas musculares. “Diversos recursos podem ser utilizados inicialmente como métodos físicos: gelo, alongamento e tração, introdução de exercícios posturais e fortalecimento muscular. Não havendo melhora com tratamento conservador, ou em casos de hérnias de discos maiores ou com compressões medulares mais severas que desencadeiam déficit neurológico indico o tratamento cirúrgico”, destaca o cirurgião de coluna.
Quando a cirurgia é indicada?
Existem apenas duas indicações absolutas de tratamento cirúrgico para a hérnia de disco, sendo elas: dor intratável e déficit neurológico progressivo – ou seja, casos de dor que não conseguem ser controladas com outras medidas e casos onde se desenvolve lesão neurológica (perda de movimento ou sensibilidade) de caráter progressivo possuem indicação de abordagem cirúrgica obrigatória e preferencialmente emergencial.
Existem, no entanto, várias outras indicações, como: dores crônicas por períodos persistentes maiores que seis a oito semanas independente da intensidade, casos de instabilidade segmentar causando perda funcional, pacientes cansados de apresentar o mesmo sintoma e a mesma incapacidade, entre outras indicações menos frequentes.
As técnicas cirúrgicas
O tratamento cirúrgico, nos dias atuais, pode ser realizado através de várias técnicas cirúrgicas com agressividade e objetivos diferentes. Essas técnicas variam de abordagens minimamente invasivas através de endoscopia (acesso por vídeo) ou uso de microscópio de altíssima resolução acoplados à inteligência artificial. “Evoluindo para abordagens de agressividade intermediária por via anterior, como a utilização de próteses conhecidas como ALIF (Anterior Lumbar Interbody Fusion) ou artroplastia lombar (implantes móveis onde ocorre a substituição do disco doente por um artificial), até procedimentos por via posterior convencionais, onde podemos utilizar de implantes intersomáticos conhecidos como TLIF (Trans Lumbar Interbody Fusion) e a colocação de parafusos pediculares por via posterior para suplementar a estabilização, confeccionando a fusão do segmento operado conhecido artrodese”, ressalta.
Em muitas situações, mudanças de hábitos de vida e a prática de atividades físicas regulares de baixo impacto podem resolver o problema em questão, porém, na presença de casos mais graves ou de cronicidade da doença a abordagem cirúrgica por um especialista com experiência nesse tipo de patologia é sempre a melhor solução.
Vale lembrar que a esmagadora maioria dos casos de hérnia de disco não necessitam de abordagem cirúrgica. “Em minha prática clínica tenho a indicação cirúrgica variando entre 3% a 5% do total de atendimentos que realizo habitualmente”, finaliza o cirurgião de coluna.
Sobre o especialista
Dr. André Evaristo Marcondes – Ortopedista Especializado em Coluna – Mestre em Saúde Pública Global pela University of Limerick (Irlanda), possui especialização em Cirurgia de Coluna, em Ortopedia e Traumatologia, e graduação em Medicina pela Universidade de Marília. Preceptor do Grupo de Coluna do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina do ABC. É membro da North American Spine Society (NASS), Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) e Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Fez residência médica em Ortopedia e Traumatologia no Hospital do Servidor Público Municipal (SP) e, atualmente, atende no Núcleo de Medicina Avançada do Hospital Sírio-Libanês, AACD e Grupo C.O.T.C. Centro de Ortopedia, Traumatologia e Coluna. Instagram: @dr.andrecoluna | dicasdrcoluna.com.br