Na última semana de setembro o município de São Paulo emitiu um alerta para aumento de casos de hepatite A na cidade.
De acordo com o boletim do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs SP), neste ano foram notificados 225 casos, contra 145 em 2022, uma alta de 55%.
Além disso, em 73,8% dos casos notificados em 2023, não há informação da provável fonte de infecção.
A hepatite A é uma doença que causa inflamação aguda do fígado. “Na maioria dos casos há uma evolução positiva e espontânea da doença, no entanto, uma porcentagem dos pacientes pode evoluir para quadros fulminantes, quando o fígado para funcionar”, explica Fernando de Oliveira, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do São Luiz Morumbi.
O fígado desempenha funções essenciais para o organismo, como filtrar substâncias tóxicas e microrganismos prejudiciais e também auxiliar a digestão com a produção da bile, sendo uma conexão importante entre o sistema digestivo e o sangue.
O especialista destaca que um dos desafios relacionados à hepatite A é a fase assintomática. Após a infecção, o paciente pode levar 30 dias para apresentar os primeiros sintomas, ou até mesmo ser assintomático, mas já transmitir a doença desde o primeiro dia.
“Geralmente os sintomas é que dão o sinal de alerta. Na ausência deles, a pessoa segue sua rotina normalmente, e no caso da hepatite A, transmitindo a doença sem saber, já que não adota medidas de prevenção”, destaca Dr. Fernando. “Caso tenha qualquer suspeita é essencial buscar atendimento médico para investigação, diagnóstico e notificação do caso”, complementa.
As principais formas de transmissão da hepatite A são:
– Fecal- oral: relacionada às más condições de higiene e saneamento básico;
– Consumo de alimentos ou água contaminados;
– Contato pessoal próximo com uma pessoa infectada;
– Prática sexual com contato oral-anal (entre pessoas infectadas);
“Traduzindo para o cotidiano, o contágio ocorre por atitudes como consumo de água não tratada e de alimentos não higienizados ou mal preparados e contato com esgoto ou água de enchentes”, explica o infectologista do São Luiz Morumbi, unidade da Rede D’Or localizada na zona Sul da capital paulista.
Sintomas e prevenção
Entre os sintomas da hepatite A estão febre, fraqueza, perda do apetite, dor no abdômen, vômito e diarreia. Também pode causar clareamento das fezes, olhos amarelos (icterícia) e alteração na cor da urina (escura).
“A prevenção consiste em reforçar hábitos de higiene, como lavar as mãos frequentemente, higienizar corretamente louças e alimentos, evitar contato com água contaminada (como enchentes e esgoto) e evitar o compartilhamento de itens pessoais”, destaca o médico.
Além disso, sexo com preservativo e higienização da genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais também são indicados como medidas de prevenção.
A vacinação também é uma importante aliada na prevenção, e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI).
A dose única integra o esquema vacinal primário para crianças a partir de 15 meses e menores de cinco anos.
Para pessoas que estão fora desta faixa etária, mas apresentam fatores de risco como doenças crônicas do fígado ou imunológicas, e, portanto, maiores riscos de evolução para quadros graves da doença, a vacina também está disponível em locais especiais pela cidade de SP.