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Haitianos enfrentam a fome e a cólera

A tragédia no Haiti parece não ter fim. Após cinco anos do terremoto que devastou o país, em janeiro de 2010, e matou mais de 200 mil pessoas, a ajuda financeira internacional para o Haiti está em claro declínio.

O  escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) manifestou sua preocupação com a crise humanitária no Haiti, o país mais pobre do continente americano, agravada pelo surto de cólera.

“Estamos em uma fase de forte intensificação da cólera”, declarou Enzo di Taranto, diretor da Ocha no Haiti. “Nos primeiros meses de 2015, [o contágio] aumentou 300% em relação ao mesmo período de 2014”, disse Taranto, referindo-se aos meses de janeiro a junho.

Cerca de 20 mil pessoas foram afetadas pela doença e 170 morreram devido à epidemia desde o começo deste ano. Conforme dados do escritório da ONU, mais de 8.800 haitianos morreram de cólera desde o aparecimento da doença no país, em outubro de 2010, e ainda hoje só os casos registrados no Haiti superam o total de doentes registrados em todo o planeta.

Conforme Ocha, em uma população estimada de 10 milhões de habitantes, cerca de três milhões de haitianos continuam bebendo água de má qualidade.

A situação humanitária no país se agrava também devido ao aumento dos preços de produtos básicos, a seca que afeta vários departamentos (estados) do país e a repatriação de haitianos da República Dominicana.

Após a aplicação, no fim de junho, de uma nova política de imigração no país vizinho, cerca de 60 mil haitianos ou pessoas de origem haitiana foram forçados a deixar a República Dominicana.

Para Enzo di Taranto, este fluxo migratório descontrolado exerce “uma pressão demográfica no sistema de saúde, já frágil no Haiti, e no abastecimento de alimentos e água..

O Haiti, que perdeu 98% de sua cobertura florestal, vê sua agricultura empobrecer com a erosão dos solos. Devido a esta vulnerabilidade, o fenômeno “El Niño” afeta mais o Haiti do que outros países da região. Os efeitos das mudanças climáticas são sentidos ano após ano no Haiti: a seca sazonal, que normalmente afetava os departamentos do norte do país, agora também castiga o sul.

Mais de cinco anos depois do terremoto, a falta de financiamento ameaça diretamente a assistência aos mais de 60.000 afetados pelo sismo que ainda vivem hoje em acampamentos precários.

Por este motivo, a ONU tenta chegar a um público mais amplo do que os financiadores tradicionais, e deve lançar na internet uma campanha de financiamento participativo (“crowdfunding”) , mobilizando celebridades da indústria do cinema, da música e da moda.

Fonte: Yahoo

A.V.

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