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Guia Alimentar incentiva a culinária doméstica e sugere moderação no consumo de doces

No terceiro episódio da série especial em comemoração aos dez anos do Guia Alimentar para a População Brasileira, a pesquisadora Estela Sanseverino, da Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, convida Carla Martins, professora adjunta do Instituto de Alimentação e Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da equipe técnica responsável pelo desenvolvimento do guia, para responder a novos questionamentos da população sobre as informações contidas no documento.

Segundo a docente, que também é pesquisadora colaboradora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), ainda não há informações sobre possíveis revisões e atualizações na atual versão do guia. Ela ressalta, no entanto, que ao longo das últimas décadas houve um volume considerável de evidências sustentando as recomendações da edição de 2014, demonstrando que as atuais orientações do documento permanecem válidas e embasadas.

De acordo com Carla, o Guia Alimentar para a População Brasileira enfatiza a necessidade de discutir hábitos alimentares saudáveis com as crianças desde cedo. Conforme o documento, o consumo de doces caseiros feitos com alimentos in natura ou minimamente processados — como frutas, milho, arroz, mandioca, leite e ovos — é comum na alimentação tradicional do País. No entanto, ela ressalta que o guia alerta para a necessidade de cuidado com a quantidade de açúcar, já que o excesso pode comprometer a qualidade nutricional das preparações e, por consequência, a saúde dos indivíduos.

“O guia também alerta para a quantidade ingerida dos doces caseiros, apontando as frutas in natura como as melhores opções para o dia a dia. Quanto aos doces processados, o documento recomenda que seu consumo deve ser limitado e, quanto aos doces ultraprocessados, a recomendação do guia é evitar”, esclarece.

O Guia Alimentar para a População Brasileira também destaca a importância de incluir alimentos in natura ou minimamente processados, preferencialmente de origem vegetal, como a base da alimentação, e para isso eles requerem preparo ou pré-preparo antes do consumo. Nesse contexto, a professora Carla explica que a culinária e o tempo necessário para o planejamento e preparo das refeições são apresentados como desafios que precisam ser superados para seguir as recomendações de uma alimentação saudável.

Para ajudar nessa superação, segundo Carla, o guia incentiva a prática da culinária doméstica e o desenvolvimento das habilidades relacionadas ao preparo dos alimentos. Além disso, o documento ressalta a importância da divisão de tarefas na cozinha e da transmissão do conhecimento culinário entre gerações, especialmente envolvendo crianças e jovens, de forma que os laços familiares e a aprendizagem culinária possam ser aprimorados.

Outro ponto importante que o guia propõe baseia-se em uma abordagem culinária desde o início da preparação, ao invés de simplesmente combinar ou aquecer produtos prontos, como os ultraprocessados. Para Carla, essa filosofia de preparo é fundamental para garantir uma alimentação que respeite as recomendações de saúde e bem-estar preconizadas no documento e para incentivar o envolvimento ativo na cozinha, a fim de levar a população a fazer escolhas alimentares mais saudáveis.

“Por fim, o guia reconhece a necessidade de recorrer ocasionalmente ao consumo de aplicativos de delivery e refeições fora de casa; mas, para isso, é importante identificar e optar por consumir refeições de restaurantes que ofereçam maior variedade de alimentos in natura e preparações culinárias feitas ‘na hora’, como os restaurantes a peso, que são as melhores alternativas para o dia a dia. Também é importante evitar restaurantes fast food, pois oferecem pouca ou nenhuma opção de preparações culinárias feitas a partir de alimentos in natura”, analisa.

Fontes :

*Estagiário sob supervisão de Paulo Capuzzo e Cinderela Caldeira

Estagiária sob supervisão de Moisés Dorado

Jornal da USP

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