Grupo para estudar ‘pílula do câncer’ é criado pelo governo federal

Após repercussão da fosfoetanolamina – conhecida como “pílula do câncer” – nos veículos de comunicação e nas redes sociais, o Ministério da Saúde decide criar um grupo de trabalho para estudar o medicamento. A substância com suposta ação contra o câncer foi produzida no Instituto de Química da Universidade de São Paulo – USP de São Carlos. A portaria deve ser publicada nesta sexta-feira (30), no Diário Oficial.

De acordo com o ministro da Saúde, Marcelo Castro é necessário colocar um fim nessa celeuma. “Precisamos dar uma resposta para sociedade. Nas redes sociais, não se fala em outra coisa”, afirmou o ministrou.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo que teve acesso ao texto, o prazo para que a comissão apresente uma linha básica de atuação é de 60 dias.  No entanto, para que as pesquisas sejam realizadas, é necessário o aval do grupo que desenvolveu a substância, da USP.

A publicação destaca ainda que o formato proposto pelo governo prevê a análise da molécula, a realização de estudos não clínicos até um eventual realização de pesquisa clínica. “Nunca foi feito nada disso. Se criou uma tensão nacional. A grande preocupação é que pessoas deixem de fazer o tratamento adequado para usar um produto que não tem eficácia comprovada, “ressalta Castro.

Nesses trabalhos, são esperados a participação do Instituto do Câncer e da Fiocruz. Além dessas instituições, ficou determinado o acompanhamento das atividades pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Castro garantiu que o Ministério vai arcar com os custos do financiamento. “Não serão necessários muitos recursos,” acrescentou. Ele destacou também que todas as etapas serão respeitadas, incluindo, por exemplo, o aval das comissões de ética em pesquisa.

Como precaução, o ministro fez um apelo para que pessoas não usem a substância. “É temerário. Não sabemos os efeitos que ela pode causar. Não quero entrar no mérito porque testes não foram feitos até agora. O importante é esclarecer,” recomenda.

Castro observou que, ao longo dos últimos meses, criou-se no imaginário da população a falsa ideia de que a droga somente não é comercializada por pressões de grandes grupos econômicos. “Não é isso”, disse. Ele observa que o produto não passou por estudos que demonstrem sua eficácia, sua segurança. Não há prazo para que estudos sejam concluídos.

“Vamos fazer de forma ágil. Se ela for boa, aí sim, médicos poderão prescrevê-la, liminares poderão ser concedidas. E se ela não tiver efeitos esperados, se não for segura, que se descarte e não fique essa celeuma,” salienta o ministro.

A substância foi desenvolvida por um grupo de pesquisadores liderados pelo químico Gilberto Chierice, atualmente professor aposentado. Durante muitos anos, a substância foi fornecida gratuitamente para pessoas interessadas, mesmo sem ter passado por testes necessários.

A distribuição da substancia foi proibida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em setembro desse ano. No entanto, dias depois, o Supremo Tribunal Federal decidiu em favor de um pedido feito por pacientes. Após liminares solicitados, o produto acabou sendo liberado.

*Redação Saúde no Ar

 

 

 

 

 

O jornalismo independente e imparcial com informações contextualizadas tem um lugar importante na construção de uma sociedade , saudável, próspera e sustentável. Ajude-nos na missão de difundir informações baseadas em evidências. Apoie e compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.