Governo nomeia presidente da Fundação Palmares que afirma não existir racismo no Brasil

Foi publicado no Diário Oficial da União do dia 27 de novembro, a nomeação do jornalista, Sérgio Nascimento de Camargo para o cargo de presidente da Fundação Palmares. A Fundação Palmares integra a estrutura da Secretaria Especial da Cultura, o antigo Ministério da Cultura. A secretaria integrava o Ministério da Cidadania, mas foi transferida para a pasta do Turismo.

A nomeação gerou polêmicas porque Carmargo, não acredita que existe racismo no Brasil e defende  o fim do dia da Consciência Negra. Em diversas manifestações nas Redes Sociais ele se pronuncia contra as principais diretrizes do que pensa os movimentos negros.

Uma reportagem do Jornal ” O Globo”, reproduz algumas citações do presidente da Fundação Palmares:

16/08: “Não há salvação pro movimento negro. Precisa ser extinto! Fortalecê-lo é fortalecer a esquerda.”

27/08: “A escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes. Negros do Brasil vivem melhor que os negros da África.”

15/09 –  Camargo classificou o racismo no Brasil como “nutella”. “Racismo real existe nos Estados Unidos. A negrada daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda”, afirmou.

03/11, Sérgio publicou uma mensagem numa rede social na qual disse que “sente vergonha e asco da negrada militante. Às vezes, pena. Se acham revolucionários, mas não passam de escravos da esquerda”, escreveu.

19/11: “O Dia da Consciência Negra celebra a escravização de mentes negras pela esquerda. Precisa ser abolido”.

Sobre o Dia da Consciência Negra, Sérgio Camargo afirmou que o “feriado precisa ser abolido nacionalmente por decreto presidencial”.

A reação dos movimentos negros:

Os   Movimentos  negros reagiram a nomeação de Sérgio Camargo. Na verdade, o ato é uma provocação do governo Bolsonaro, uma ação ideológica de extrema direita que nega a existência do racismo, a luta e história em defesa dos negros.

“O governo Bolsonaro fez ações semelhantes em outros órgãos,  demitindo funcionários do INCRA, INEP, Fundação do índio, Ministério do Meio Ambiente,  e nomeando pessoas  que possuem um histórico de declarações e ações contrários a defesa do índio e do Meio Ambiente. São diversas ações do governo que deixa claro o desprezo pela democracia  e o aparelhamento dos órgãos públicos para defender sua ideologia, seus pensamentos e interesses, contrários ao país e aos  citados órgãos federais”, alerta o jornalista e editor do Portal Saúde no Ar,  Jorge Roriz.

Sobre o assunto, o radialista Mário Kertezs afirmou:  “Há um movimento nítido de endurecimento do governo, e isso começa a abalar as estruturas democráticas”, afirmou, em comentário na Rádio Metrópole.

“Ela [a Fundação Palmares] deveria agir pra defender a cultura afro-brasileira. Pra preservar, pra ampliar os nossos direitos. E, infelizmente, esse senhor ele não veio pra gerir, ele veio pra função de desconstruir todo o legado que vários negros e negras construíram”, disse Claudia Vitalino, presidente da Unegro.

“O movimento negro, ele surge no primeiro negro que foge da senzala. No primeiro negro que se volta contra a escravidão. Aqui, surge o movimento negro. Então, o movimento negro vem lá da época de Zumbi, das Dandaras. Não tem nada a ver com esquerda ou direita”, explicou Silvio Henrique, do Conselho da Igualdade Racial.

Perguntado se concorda com as declarações do novo presidente da Fundação Palmares, o presidente Bolsonaro se limitou a dizer : “Não conheço pessoalmente ele”.

A Secretaria Especial da Cultura disse em nota que as mudanças de equipe publicadas ontem no Diário Oficial da União (DOU) “visam garantir maior integração e eficiência à pasta”. A escolha de Sérgio Nascimento foi feita pelo secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim

Ainda segundo a secretaria, um dos principais desafios de Sérgio no cargo é “desaparelhar a Fundação Palmares e direcionar o dinheiro público para o desenvolvimento de políticas públicas que protejam e incentivem a verdadeira cultura negra”.

Jorge Roriz

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