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Governo lança 1º Plano de Segurança Alimentar e Nutricional da Bahia

Não há dúvidas de que os nossos hábitos alimentares estão mudando. O problema é que isso nem sempre ocorre para melhor. Quer comprovar? Então vamos fazer um teste rápido. Pergunte a sua avó quais eram os alimentos que ela consumia na hora do lanche da tarde! A resposta deve ter passado bem longe de salgadinhos e biscoitos recheados. Mas, quase um terço das crianças brasileiras com menos de dois anos tomam refrigerante ou suco artificial, por exemplo, segundo apontou a Pesquisa Nacional em Saúde, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para discutir a importância de uma alimentação mais saudável, diversificada e que respeite a cultura alimentar local, foi realizada no Hotel Fiesta, no Itaigara, a 5ª Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional. Com o tema Comida de Verdade no Campo e na Cidade: por direitos e soberania alimentar, o evento que começou na última quarta-feira (26), terminou hoje (28).

Durante os três dias, representantes do governo estadual e federal e de entidades da sociedade civil, sugeriram propostas para superar os desafios da Bahia e do Brasil no campo da segurança alimentar e nutricional. Na ocasião, também foi lançado o 1º Plano de Segurança Alimentar e Nutricional da Bahia, que através de ações intersetoriais busca fomentar a produção e o abastecimento alimentar no estado, a partir do fortalecimento da agricultura familiar e da economia solidária. O documento é “um marco para garantir que a população tenha acesso a alimentos de melhor qualidade”, segundo o secretário estadual de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Geraldo Reis

A conferência estadual foi realizada pelo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da Bahia (Consea-Ba), órgão vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) e configurou-se como uma iniciativa preparatória para a 5ª Conferência Nacional, que ocorre em novembro, em Brasília.

Para Reis, o evento foi importante porque “congregou as contribuições e reflexões, das conferências municipais e territoriais que absorveram a participação de setores como a agricultura familiar, de povos indígenas e quilombolas e de outros extratos que movimentam uma economia popular e que trabalham com a produção e comercialização de alimentos saudáveis”.

 

Avanços

No ano passado, o Brasil saiu do Mapa Mundial da Fome, de acordo com um relatório elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O estudo mostrou que entre 2002 e 2013, caiu em 82% a população de brasileiros em situação de subalimentação. Mas, o problema deixamos é que deixamos de ser um país de subnutridos para apresentar índices preocupantes de obesidade. Dados do Ministério da Saúde relacionados a indicadores alimentares nas capitais apontam que, em Salvador, por exemplo, 52,2% da população adulta encontra-se com excesso de peso: “Nós temos que fazer uma recondução, uma correção desta caminhada. Foi importante sair do Mapa da Fome, mas agora temos que produzir e consumir alimentos saudáveis, para termos também uma população mais saudável”, destacou Reis.

Mudar os hábitos alimentares nem sempre é uma tarefa simples. Mas algumas  ações podem fazer toda a diferença. A pedagoga Noelia Pires, 57,  uma das representantes dos povos de terreiro que participou do evento diz que para manter a saúde, já reduziu a quantidade do azeite de dendê nos alimentos preparados na comunidade em que vive: “Participar de uma conferência como esta é importante porque o povo de terreiro é o povo que mais serve comida. Tem terreiros que alimentam toda a comunidade existente ao seu redor e a gente já está mudando alguns hábitos para manter a saúde. Antigamente tudo que se comia no terreiro tinha muito dendê. Hoje não deixamos de usá-lo, mas estamos colocando nas receitas uma quantidade bem menor”, explica. Pequenas mudanças que podem trazer grandes benefícios.

 

Ana Paula Lima

 

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