Governo brasileiro volta a citar antivirais como tratamento precoce

Joice Mara Araujo

4 anos atrás

Desde março de 2020 o governo brasileiro e entidades de saúde internacionais falam de lado opostos sobre as medicações antivirais como forma de tratar precocemente a covid-19. Contudo; em publicação o Ministério da Saúde volta a dar destaque ao tratamento preventivo. De acordo com informe do MS, “o renomado The American Journal of Medicine, jornal oficial da Alliance for Academic Internal Medicine; traz em sua primeira edição de 2021 um estudo que comprova a eficácia do tratamento precoce na evolução da Covid-19″.

Por outro lado, o artigo em questão teve publicação em 06 de agosto de 2020; com o titulo de” Base fisiopatológica e justificativa para o tratamento ambulatorial precoce da infecção por SARS-CoV-2 (COVID-19)” (em tradução livre). O que acontece é que a revista americana realizou publicação catalogada dos artigos do 2º semestre de 2020 em 1º de janeiro de 2021. Contudo; o artigo já havia sido publicado e refutado por diversas entidades de saúde, desde sua publicação em agosto do ano passado.

De acordo com a publicação do Ministério da Saúde o artigo são instruções “A instrução publicada em forma de artigo científico cita o sucesso em combinar antivirais e vitaminas, citando inclusive, o zinco, a azitromicina e a hidroxicloroquina, amplamente utilizadas no protocolo do Governo Federal no enfrentamento à pandemia” diz o site do órgão. Por outro lado, os medicamentos citados no artigo são; Pastilhas de zinco e sulfato de zinco; antimaláricos; bem como azitromicina, doxiciclina e favipiravir.

O que diz os órgãos de saúde

Em contra partida do que diz o Governo Federal a respeito do uso destes medicamentos; a Sociedade Brasileira de Infectologia; bem como entidades como a Organização Mundial da Saúde não recomendam o uso de nenhum medicamento como forma de prevenção ao novo coronavírus. Em nota a SBI publicada em dezembro de 2020 a entidade diz:

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) não recomenda tratamento farmacológico precoce para COVID-19 com qualquer medicamento (cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco, vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal, dióxido de cloro), porque os estudos clínicos randomizados com grupo controle existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns destes medicamentos podem causar efeitos colaterais. Ou seja, não existe comprovação científica de que esses medicamentos
sejam eficazes contra a COVD-19.

Além disso, em julho de 2020 a entidade lançou nota conjunta em parceria com a Associação Medica Brasileira onde cita dois artigos científicos sobre a covid-19 e reafirma a não indicação dos medicamentos já citados. ” Com essas evidências científicas, a SBI acompanha a orientação que está sendo dada por todas sociedades médicas científicas dos países desenvolvidos e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de que a hidroxicloroquina deve ser abandonada em qualquer fase do tratamento da COVID-19″. diz um trecho da nota.

De acordo com ultimo informe da SBI; órgão ressalta que as orientações estão alinhadas com as recomendações da Sociedade de Infectologia dos EUA (Idsa) e da Europa (Escmid); bem como do Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH), Centros Norte-Americanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Agência Nacional de Vigilância do Ministério da Saúde do Brasil (Anvisa).

Outras Pesquisas

De acordo com o estudo.; O “Solidarity”, estudo global com mais de 30 países liderado pela OMS, em parceria com 405 hospitais; além disso, o ensaio randomizado, padrão ouro, que tem os mais rígidos padrões para coleta de evidências científicas; Participaram 11.266 adultos: 2.750 tomaram remdesivir; 954, hidroxicloroquina; 1.411, lopinavir; 651, interferon mais lopinavir, 1.412, apenas Interferon; e 4.088 fizeram parte do grupo controle, que não recebeu os medicamentos. Dessa forma; resultou que 1.253 mortes foram relatadas durante a pesquisa. As evidências apontam que os medicamentos desempenharam pouco ou nenhum papel na redução da mortalidade ou tempo de internação da Covid-19

Além disso, outra pesquisa realizada pela Escola de Medicina de Havard e publicada em maio na revista Lancet. O estudo concluiu que o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina em pacientes com o novo coronavírus; mesmo quando associados a outros antibióticos, aumenta o risco de morte por arritmia cardíaca em até 45% nos infectados pela covid-19. A pesquisa foi feita com 96 mil pacientes.

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