Juntamente com a Organização Mundial da Saúde (OMS); a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) inicia um esforço conjunto para a erradicação do câncer de colo de útero. Altamente prevenível, a neoplasia ainda é um dos mais frequentes na população feminina brasileira.
De acordo com o Ministério da Saúde; até o final de 2020, são estimados o surgimento de 16.590 novos casos da doença; com maior incidência na região norte do país. Contudo; nos últimos dez anos (2008-2018), a taxa de mortalidade decorrente de doença saltou 33%, resultando em uma vítima a cada 90 minutos.
Além disso, em agosto de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovou uma resolução chamando a atenção e defendendo a eliminação do câncer de colo de útero.
Metas até 2030
No Brasil, a Febrasgo se engaja na responsabilidade de contribuir para as metas previstas a serem trabalhadas até 2030. A adoção da “Estratégia Global para Acelerar a Eliminação do Câncer de Colo do Útero, como um Problema de Saúde Pública”, da OMS, é baseado em três pilares. Garantir que:
1) 90% das meninas recebam a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) até os 15 anos de idade;
2) 70% das mulheres realizem um exame de rastreamento com teste efetivo até os 35 e outro até os 45 anos de idade; bem como
3) 90% das mulheres identificadas com lesões precursoras ou câncer invasivo recebam tratamento.
Além disso, o objetivo da Febrasgo e OMS é rastrear, com o teste de HPV, 70% das mulheres; por duas vezes, nas idades de 35 e 45 anos. Tal ação deve acarretar a redução da mortalidade feminina em cerca de um terço.
Ações a serem feitas
Como o câncer de colo de útero é uma das formas de câncer mais evitáveis e tratáveis; utilizando medidas de prevenção primária (vacina contra o HPV); bem como prevenção secundária (exames de rastreamento). Ambas entidades traçam como estratégia a conscientização da população.
Dessa forma; a Febrasgo elaborou um documento por meio de suas Comissões Nacionais Especializadas (CNE) em Ginecologia Oncológica; em Trato Genital Inferior e em Vacinas em que se realiza uma chamada para a eliminação do câncer de colo de útero na próxima década no Brasil. Em seu site, a entidade disponibiliza além de informações sobre a doença, um vídeo institucional explicando a parceria com a OMS.
Números e Cenário no Brasil
De acordo com a OMS, o Câncer de Colo de Útero ainda apresenta altas taxas de incidência e mortalidade. O mundo registra 570.000 novos casos deste tipo de câncer; chegando ao estágio fatal mais de 311.000 mulheres a cada ano. Além disso, segundo o órgão, a maioria das mortes acontece nos países com baixo índice de desenvolvimento. a exemplo do Brasil, onde o câncer de colo uterino ocupa o terceiro lugar entre as neoplasias malignas nas mulheres, com 15,43 casos por 100.000 mulheres ao ano; e o quarto em mortalidade. A doença ocorre predominantemente em mulheres não brancas (62.7%) e com baixa escolaridade (62.1%).
Dessa forma o sistema público de saúde brasileiro atende 75,32% dos pacientes com câncer, ou seja, cerca de 448.959 casos de câncer foram atendidos na rede pública em 2016. O período entre o diagnóstico e o primeiro tratamento dura mais de 60 dias em 58% dos casos, ocorrendo mortes precoces em 11% delas.
Contudo; referente aos óbitos, quase nove de cada dez óbitos por câncer do colo do útero ocorrem em regiões menos desenvolvidas, onde o risco de morrer de câncer cervical antes dos 75 anos de idade é três vezes maior.
Ainda assim, no Brasil, aproximadamente 80% das mulheres com diagnóstico de doença invasiva, estão na fase avançada, fora de condições técnicas de cirurgia, sendo necessárias a radioterapia e a quimioterapia como tratamento, gerando, assim, um enorme custo social e financeiro.
A importância da vacinação
Dessa forma, as vacinas para HPV mesmo altamente efetivas e promovem uma diminuição significativa das infecções; consequentemente, também das lesões neoplásicas do colo do útero, responsáveis pela potencial perda do órgão. Entretanto, no nosso país, a cobertura da vacinação tem sido abaixo do necessário para uma ação efetiva nas próximas décadas.
De acordo com o Programa Nacional de imunização; Em 2014o PNI introduziu a vacina quadrivalente para meninas de 9 a 14 anos em esquema de duas doses com intervalo de seis meses. Em 2017, o programa passou a contemplar também os meninos de 11 a 14 anos, também no esquema de duas doses. Além disso, na primeira dose, no primeiro ano de implantação, a cobertura foi de mais de 80%. Contudo; Na segunda dose, quando o governo retirou o procedimento das escolas e transferiu-o para as unidades de saúde, houve queda expressiva das coberturas. Nos anos subsequentes as coberturas vêm caindo, refletindo o pouco interesse nesse importante momento de pandemia.