Experimento genético faz ovários produzirem espermatozoides

Um gene que determina se células germinativas – que dão origem aos gametas em diversas espécies – vão se tornar espermatozoides ou óvulos, revela uma pesquisa japonês.  BIntitulado por foxl3 – o gene – foi identificado em experimentos realizados com peixes. De acordo com os pesquisadores japoneses, quando o gene foi “desativado” em fêmeas, elas passaram a produzir espermatozoides saudáveis em seus ovários.

Os resultados da pesquisa, foram publicados na última quinta-feira (11/06) na revista Science –  liderado por Toshiya Nishimura e Minoru Tanaka, do Instituto Nacional de Biologia Básica, no Japão.

Existentes em machos e fêmeas, as células germinativas são inicialmente “genéricas”, mas já nas primeiras fases de desenvolvimento de um embrião elas se diferenciam para formar os gametas – espermatozoides ou óvulos. No entanto, até agora o mecanismo responsável por essa decisão não estava claro.

Na conclusão do novo estudo, o gene foxl3, funciona como um “interruptor sexual”, decidindo o destino das células germinativas. Essa pesquisa, deixou até mesmo os autores surpresos com a nova descoberta – a possível maneira de gerar um espermatozoide fora do ambiente do órgão reprodutivo masculino.

Para o experimento, foi utilizado uma espécie de peixe-arroz, também conhecido como medaka – Oryzias Iatipes. De acordo com os autores, é possível que os resultados se apliquem a todos os vertebrados. Ainda segundo os cientistas, os humanos não possuem o gene foxl3, mas suspeitam que exista no organismo humano um mecanismo semelhante, com a função de um interruptor sexual.

Os autores também afirmaram que o gene foxl3 atua nas células germinativas das fêmeas para impedir que elas se diferenciem como espermatozoides. A pesquisa demonstrou que o foxl3 é expresso unicamente nas células germinativas, mas não nas células somáticas dos ovários.

Em fêmeas com o gene foxl3 “desligado”, a aparência do corpo continuou com todas as características típicas das fêmeas, mas seus ovários começaram a formar um grande número de espermatozoides e, ao mesmo tempo, uma pequena quantidade de óvulos. Esses espermatozoides gerados pelas fêmeas mutantes foram usados para fertilizar óvulos de fêmeas comuns, por inseminação artificial, gerando peixes totalmente normais e saudáveis.

A formação dos espermatozoides nos ovários das fêmeas é mais rápida que sua formação natural nas gônadas dos machos, segundo as análises dos pesquisadores. Eles ainda relataram que as pesquisas para a aplicação da descoberta em aquicultura já foram iniciadas.

De acordo com um dos líderes do estudo, Toshiya Nishimura, a análise deixou todos os envolvidos surpresos, com o fato de que espermatozoides saudáveis tenham sido produzidos ali – nos ovários -, embora o ambiente ao redor das células germinativas fosse o da fêmea, salientou o líder ao abordar que esse interruptor sexual presente nas células germinativas é independente do sexo do organismo onde elas estão. Ele ainda destacou que a descoberta inteiramente nova.

Já Tanaka, ressaltou que embora fosse conhecido que as células germinativas podem se tornar tanto espermatozoides como óvulos, ninguém sabia que elas tinham, em vertebrados, um mecanismo que funcionasse como um interruptor responsável por decidir seu destino como óvulo ou espermatozoide. Ele ainda declarou que os resultados indicam que, assim que a decisão é tomada, as células germinativas têm a capacidade de se desenvolver até o fim. Tanaka também credita que a descoberta desse mecanismo é algo muito significante.

Fonte: Estadão

L.O.

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