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A saliva do mosquito Aedes aegypti pode ter um papel importante na gravidade da infecção por dengue, de acordo com um novo estudo feito por cientistas da Bélgica e dos Estados Unidos. Segundo o estudo, publicado hoje na revista científica PLOS Pathogens, a presença da saliva do mosquito acelera o alastramento do vírus no corpo do paciente.
Ao inocular o vírus em camundongos, os cientistas descobriram que a presença da saliva do mosquito enfraqueceu os vasos sanguíneos, tornando-os mais permeáveis. Ao facilitar as trocas entre os vasos sanguíneos e outros tecidos do organismo, a saliva pode ajudar o vírus a se espalhar mais rapidamente, aumentando a severidade da doença, segundo os autores do estudo.
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"Moléculas presentes na saliva do mosquito podem modificar e modular o processo de infecção", disse uma das autoras do estudo, a virologista Eva Harris, da Universidade da Califórnia em Berkeley (Estados Unidos). Segundo ela, a ação da saliva do mosquito já foi bem estudada em outras patologias virais, como a doença do Oeste do Nilo, mas ainda não havia sido investigada na dengue.
De acordo com Eva, o vírus da dengue infecta quase 400 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo. Há quatro sorotipos do vírus. A versão severa da doença, que pode causar hemorragias, desenvolve-se especialmente em pacientes que têm uma infecção secundária – isto é, que são infectados pela segunda vez após já terem sido expostos a um dos outros três sorotipos.
Esse fenômeno, chamado de "amplificação dependente de anticorpo", ocorre quando os anticorpos gerados pela primeira infecção aderem ao vírus de um novo sorotipo, mas não o destroem porque eles são ligeiramente diferentes. Em vez de atacar o vírus, os anticorpos "errados" acabam facilitando a infecção de células imunes.
O resultado é um aumento da carga viral nos pacientes, causando sintomas mais severos, incluindo a morte.
Redação Saúde no Ar*
João Neto