Estudo: Pesquisadores dizem ter restaurado funções de células mortas de porcos

Pesquisadores anunciaram em publicação na revista Nature, que conseguiram restaurar algumas funções celulares e moleculares de porcos uma hora após a morte desses animais.

De acordo com a equipe, além da reconstrução da atividade, o sistema inovador, mostrou capacidade de preservar certos tecidos em suínos.

“Neste estudo, estamos mostrando que, se intervirmos adequadamente, podemos dizer a elas [as células] para não morrerem”, completou.

Apesar disso, os pesquisadores ressaltam que nenhuma evidência mostrou uma atividade elétrica cerebral normal durante o procedimento. Anteriormente, em 2019, o mesmo grupo havia anunciado uma técnica semelhante que conseguiu restaurar uma atividade metabólica em células de cérebros de porcos após seis horas sem o fornecimento de oxigênio.

Contudo, esse novo procedimento pôde ter aplicação não apenas no cérebro, como também em outros órgãos dos animais testados, como o coração, pulmão, fígado, rim e pâncreas, algo que, segundo os pesquisadores, tem o potencial de proporcionar melhorarias na condução de transplantes e no tratamento de derrames e ataques cardíacos.

Para o estudo, os pesquisadores utilizaram um método semelhante ao do primeiro estudo: porcos domésticos entre 10 e 12 semanas de idade foram levados a ter uma parada cardíaca. Após isso, uma solução artificial semelhante ao sangue foi bombeada pelo corpo de cada suíno uma hora após decretada a morte.

Os resultados mostraram que enquanto a terapia por ECMO falhou em estabelecer uma circulação adequada de todos os órgãos (diversos vasos sanguíneos menores chegaram inclusive a colapsar), a OrganEx preservou a integridade de tecidos, diminuiu a morte celular e restaurou processos moleculares e celulares em vários órgãos vitais, como coração, cérebro, fígado e rins.

Porém mais pesquisas e estudos precisaram acontecer para que os cientistas possam compreender a segurança e o verdadeiro potencial da técnica na recuperação celular.

Por outro lado, o especialista de ética em transplantes, Brendan Parent, afirmou em um comentário publicado na mesma edição da “Nature” que os achados de Andrijevic e sua equipe levantam, novamente, uma série de questões éticas. Já que o imbróglio envolve desde uma revisão da própria definição médica e biológica de morte até o fato de que, caso a OrganEx seja algum dia utilizada para a restauração celular em humanos, a técnica teria que ser testada por longos períodos sem fluxo sanguíneo, o que prejudicaria a realização de transplantes. Dessa forma, segundo ele, decisões a respeito da retirada ou manutenção de uma ferramenta do tipo não será uma tarefa fácil.

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