Pesquisa inédita realizada por pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Greenpeace, Iepé, Instituto Socioambiental e WWF-Brasil; identificou que peixes consumidos pela população em seis estados da Amazônia brasileira têm contaminação por mercúrio com concentração do metal 21,3% acima do permitido.
Em Roraima, onde ocorreram as análises, 40% dos peixes analisados possuem índices do metal pesado altamente tóxico superior ao limite recomendado pelas regras sanitárias e de saúde. Além disso, no Amazonas, há cidades em que esse índice sobe para 50% (Santa Isabel do Rio Negro e São Miguel da Cachoeira).
A presença do mercúrio no organismo humano pode causar problemas de saúde que afetam o sistema nervoso, sendo mais grave o consumo por grávidas, por sua interferência na saúde do bebê, e para crianças.
De acordo com a pesquisa, peixes vendidos a consumidores do Acre, Amapá, Amazonas, Para, Rondônia e Roraima estão com altos níveis de mercúrio. A analise sugere que essa alta tem relação com o avanço de garimpos de ouro. Foram coletadas amostras de 80 espécies de peixes em todas as capitais destes estados e de outros 11 municípios do interior.
A Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO/WHO); bem como a Agência de Vigilância Sanitária brasileira estabelecem teor de 0,5 micrograma por grama. Contudo, em Roraima o nível ultrapassou de 5,9 a 27,2 microgramas esse potencial ingestão de mercúrio pela população por meio de peixes.
Entre as espécies analisadas com maior contaminação estão o coroataí, barba chata, piracatinga, filhote e peixe cachorro.
O estudo “Análise regional dos níveis de mercúrio em peixes consumidos pela população da Amazônia Brasileira“, ocorreu entre março de 2021 a setembro de 2022, com amostras de 1.010 peixes coletados nos 17 municípios, incluindo as capitais.
Dessa forma, além da pesquisa nos peixes, os pesquisadores analisaram o impacto dessa contaminação na saúde humana, usando como parâmetro o consumo de peixe entre quatro grupos: homens adultos, mulheres em idade fértil, crianças de 2 a 4 anos, e de 5 a 12 anos.
Assim, o levantamento tinha como objetivo avaliar qual o risco para a saúde humana em caso do consumo de peixe contaminado por mercúrio. Os estudiosos afirmam que é necessário que o governo brasileiro desenvolva políticas públicas e programas que visem a garantia da segurança alimentar das populações mais afetadas, respeitando a soberania alimentar e o modo de vida de casa região.