Estudo: negros são maioria das vítimas de erros médicos

De acordo com o o Boletim Çarê-IEPS n. 3 – Acidentes e incidentes adversos no período de internação segundo raça/cor elaborado pela Cátedra Çarê-IEPS, a possibilidade de pessoas negras sofrerem acidentes ou incidentes adversos durante procedimentos médicos é maior em quase todo o país, com exceção da região Sul.

A pesquisa revela que entre 2012 e 2021, no Norte e no Nordeste, as chances de internação por essas causas foram seis vezes maior entre pessoas negras, no Centro-Oeste três vezes maior e no Sudeste 65% maior. Apenas no Sul do país, a tendência se inverte e pessoas brancas apresentam 38% mais chances de internação por  acidentes e incidentes adversos.

Segundo o pesquisador do IEPS, Rony Coelho, os dados demonstram como a população negra está mais exposta a situações de negligência ou erro médico. “Os dados confirmam, mais uma vez, os impactos das desigualdades raciais na saúde da população negra; que mesmo quando conseguem atendimento médico estão mais expostas a situações de risco, como cortes acidentais, perfurações ou, erros de dosagem e outras adversidades relacionadas à prestação de cuidados que podem ocorrer durante o período de internação”, explica Coelho.

Além disso, a pesquisa mostra que entre 2010 e 2015, houve uma tendência de crescimento nos registros de internações por acidentes e incidentes adversos tanto para pessoas negras, quanto para as brancas. O pico de ocorrências de todo período analisado aconteceu em 2015, quando houve 7.083 registros (19,4 ocorrências por dia).

No total, o Brasil registrou 66.496 internações por acidentes e incidentes adversos entre 2010 e 2021. Contudo, mesmo a queda geral identificada pelo boletim, o pico mensal de acidentes durante internações foi mais alto entre pessoas negras. Em junho de 2016, 241 pessoas negras sofreram algum evento adverso associado às causas da CID  (uma média de mais de 8 casos diários), enquanto o pico entre a população branca foi de 180 casos em junho de 2015 (uma média de 6 casos por dia).

Segundo a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), esses eventos adversos são condições hospitalares adquiridas de forma indesejável e não intencionais durante o período de internação hospitalar. Dessa forma, abrangem diversas intercorrências como cortes acidentais, erro de dosagem, perfurações e objetos estranhos deixados no corpo do paciente durante procedimentos médicos, entre outros.

 

Fonte: Boletim Çarê-IEPS

 

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