Estudo detecta 4 fatores que podem aumentar risco de Covid prolongada

Pesquisadores que acompanharam mais de 200 pacientes por períodos de dois a três meses depois que eles foram diagnosticados com Covid, identificaram  fatores biológicos que podem ajudar a prever se uma pessoa desenvolverá Covid longa.

“É a primeira tentativa realmente sólida de desenvolver alguns mecanismos biológicos para a Covid longa”, disse o médico Steve Deeks, professor de medicina na Universidade da Califórnia em San Francisco, que não participou do estudo.

Um dos quatro fatores que os pesquisadores identificaram é o nível de RNA do coronavírus no sangue nos primeiros estágios de uma infecção, um indicador da carga viral. Outro é a presença de certos autoanticorpos, anticorpos que atacam tecidos do corpo indevidamente, da maneira que acontece no caso de doenças como lúpus e artrite reumática. Um terceiro fator é a reativação do vírus de Epstein-Barr, um vírus que infecta a maioria das pessoas, usualmente quando elas são jovens, e depois fica adormecido.

O fator final é ter diabete do tipo 2, ainda que os pesquisadores e outros especialistas digam que em estudos envolvendo grandes números de pacientes possa surgir a informação de que o diabetes é apenas uma de diversas condições médicas que aumentam o risco de Covid longa.

“Acredito que essa pesquisa enfatize a importância de conduzir mensurações cedo no curso da doença para descobrir como tratar pacientes, mesmo que não saibamos realmente como vamos usar toda essa informação por enquanto”, disse Jim Heath, diretor de pesquisa do estudo e presidente do Institute for Systems Biology, uma organização de pesquisa biomédica sem fins lucrativos sediada em Seattle.

“Assim que se torna possível medir alguma coisa, você começa a poder fazer algo a respeito”, disse Heath, acrescentando que “fizemos essa análise porque sabemos que pacientes vão ao médico e dizem que estão se sentindo cansados o tempo todo, ou algo assim, e o médico lhes diz simplesmente para dormir mais. Isso não ajuda muito. Por isso, queríamos ter uma maneira prática de quantificar e dizer que de fato há alguma coisa de errada com esses pacientes”.

Akiko Iwashi, imunologista na Universidade Yale, que não participou da pesquisa apontou que 71% dos pacientes do grupo primário tinham sido hospitalizados, o que limita a capacidade de concluir que os fatores biológicos são igualmente relevantes para as pessoas que sofrem infecções iniciais amenas.

Uma conclusão persuasiva, disseram diversos especialistas, foi a sugestão de que, já que pacientes com cargas virais pesadas no começo do processo muitas vezes desenvolvem a Covid longa, tratá-los com antivirais logo depois do diagnóstico pode ajudar a prevenir sintomas de longo prazo.

“Quanto mais rápido uma pessoa puder eliminar o vírus, menor a probabilidade de desenvolver um vírus persistente ou autoimunidade, que pode impulsionar a Covid longa”, disse Iwasaki.

Tradução de Paulo Migliacci. New York Times

 

 

 

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