Estudo brasileiro mostra efeitos da Covid na memória, no olfato e na concentração. Pesquisadores brasileiros apresentaram o resultado de um dos maiores estudos feitos no país sobre os efeitos da Covid no cérebro. A pesquisa da Unicamp em parceria com a USP já foi submetida a uma publicação cientifica internacional e serviu de consulta para outros trabalhos no exterior.
No HC da Unicamp, foram analisadas 81 ressonâncias de pacientes que apresentaram sintomas leves da doença dois meses antes do exame. O resultado mostrou que o grupo tinha algo em comum: uma atrofia na região frontal do cérebro, responsável pelo raciocínio e atenção.
O trabalho também investigou o tecido cerebral de pessoas que morreram de Covid e fez análises de material produzido com células-tronco. O cruzamento de informações levou os cientistas a encontrar o alvo preferido da Covid no cérebro, os astrócitos, células estreladas que dão sustentação aos neurônios.
“Quando esses astrócitos infectados são postos em contato com neurônios, não infectados, esses neurônios morrem mais, 60% mais até do que quando os próprios neurônios são infectados. De alguma forma, a infecção dos astrócitos pelo novo coronavírus, pelo Sars-Cov-2, produz um ambiente tóxico para os neurônios que pode levar à sua morte”, explica Daniel Martins de Souza, coodenador do Laboratório de Neuroproteômica da Unicamp
“Nós temos observado que muitas pessoas têm permanecido com sintomas neurológicos por mais tempo do que a Covid está no próprio organismo. Então compreender como é a dinâmica do vírus no cérebro pode ajudar eventualmente a prevenir sequelas ou até ajudar no tratamento de pessoas que tenham sintomas neurológicos advindos de uma infecção desse tipo”, afirma Daniel Martins.