Doença misteriosa foi causada por ingestão de peixe

Foi concluído o estudo sobre a “doença da urina preta”, que registrou mais de 60 casos entre dezembro e fevereiro, na Bahia. A partir de agora, os médicos passarão a tratar possíveis suspeitas como doença de Haff. A afirmação é baseada no resultado das amostras de urina, fezes e sangue de 15 pacientes analisados.

Conforme a pesquisa, quase 100%  das pessoas que apresentaram os sintomas, que incluem urina escura e fortes dores musculares, ingeriram peixe – a maioria olho-de-boi (Seriola spp) e badejo (Mycteroperca spp). Quatorze dos 15 pacientes que relataram os sintomas afirmam ter consumido o alimento. O único que não mencionou as duas espécies disse ter ingerido comida baiana, reforçando a suspeita sobre os dois  tipos de pescado.

A suspeita inicial já vinculava os sintomas da doença a intoxicação alimentar causada por peixes, mas foi descartada após resultados preliminares de exames só confirmados agora. Porém, não foi possível determinar a substância que causou a intoxicação. De acordo com Antonio Carlos Bandeira, um dos autores do artigo, um pedaço de peixe ingerido por uma paciente foi encaminhado ao Ministério da Saúde, que, por sua vez, enviou o material a um laboratório dos Estados Unidos, que ainda não divulgou o resultado. Até o momento, o Ministério da Saúde não divulgou outros resultados de pesquisas referentes aos casos encontrados na Bahia.

O estudo é assinado por 12 pesquisadores e também inclui os resultados do pesquisador Gúbio Soares, da Universidade Federal da Bahia, que a princípio teve forte suspeita para um vírus.

A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) emitiu um comunicado nesta sexta (10) afirmando que até agora não existe associação direta entre o consumo de peixes e a causa da doença misteriosa, assim como foi divulgado por pesquisadores (veja aqui). “Após resultado das análises realizadas nos Estados Unidos, constatou-se ausência de biotoxina marinha (ciguatoxina) associada às espécies de peixes envolvidas”. De acordo com a Secretaria, o que ficou evidenciado, na verdade, foi uma infecção por enterovírus em alguns casos notificados. Dois novos casos foram confirmados pela Sesab.

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