Esteatose hepática é um acúmulo de gordura nas células do fígado, também chamada de Infiltração gordurosa do fígado ou doença gordurosa do fígado. A doença afeta de 3 a 5% da população mundial. Ela é dividia em doença gordurosa alcoólica do fígado (quando há abuso de bebida alcoólica) ou doença gordurosa não alcoólica do fígado, quando não existe história de ingestão de álcool significativa.
O problema surge quando o fígado metaboliza o excesso de alimentos ricos em açúcares e gorduras, aumentando a síntese de uma substância chamada triglicerídeo. Essa substância, por sua vez, acaba se acumulando nas vísceras abdominais e no próprio fígado onde a doença é manifestada. O aumento de gordura dentro dos hepatócitos, constante e por tempo prolongado, pode provocar uma inflamação capaz de evoluir para quadros graves de hepatite gordurosa, cirrose hepática e até câncer. Nesses casos, o fígado não só aumenta de tamanho, como adquire um aspecto amarelado.
O fígado pode exercer até 500 funções fundamentais para o organismo, por isso, é preciso fazer exames regulares para saber como esta seu estado. Segundo a gastroenterologista, Virginia Figueiredo, apesar de a grande maioria dos doentes não apresentar sintomas, a doença está associada muitas vezes a fatores como: obesidade abdominal, resistência à insulina, diabetes mal controlado, hipergliceridemia, baixos níveis de HDL colesterol, hipertensão arterial e hipotireoidismo. “O indivíduo ainda pode apresentar fadiga, fraqueza e leve desconforto ao lado direto do abdome, muitas vezes, com sensação de peso abaixo das costelas”, explica.
Em geral, a doença é diagnosticada durante a realização de exames clínicos laboratoriais de rotina, nos quais 70 a 90% dos pacientes apresentam a hepatomegalia (fígado crescido). Nos exames laboratoriais de sangue, os pacientes podem apresentar dosagens de enzimas hepáticas elevadas (aminotransferases), sendo que alguns apresentam taxa de gordura no sangue (dislipidemia), principalmente em consequência do aumento do triglicerídeo, do colesterol e suas frações.
Nas fases iniciais, o diagnóstico da esteatose hepática gordurosa não alcoólica é feito por meio de exames de rotina laboratoriais ou de imagem. Uma vez detectada a alteração, é indispensável estabelecer o diagnóstico diferencial com outras hepatites, ou doenças autoimunes e genéticas, ou pelo uso de drogas, uma vez que a enfermidade não apresenta um quadro clínico característico.
Surgindo a suspeita, porém, o importante é levantar a história do paciente que deve passar por minucioso exame físico e submeter-se a exames de sangue para medir os níveis das enzimas hepáticas. Embora a ultrassonografia, a tomografia e a ressonância magnética sejam muito úteis para avaliar possíveis alterações no fígado.
Nos estágios mais avançados, se não for adequadamente tratada, a doença associa-se a maior risco de tumores no fígado.A doença é quase assintomática, só gera desconfiança quando vai piorando e acabam aparecendo os sintomas mais característicos- que são as dores, cansaço, fraqueza, perda de apetite e aumento do fígado.
Caso a esteatose não seja tratada, o acúmulo de gordura no fígado pode levar à morte de células hepáticas, promovendo um processo de cicatrização com fibrose, um tipo diferente de tecido que não exerce a função do fígado, e posterior cirrose hepática. Por sua vez, os pacientes que apresentam esteatohepatite, forma mais grave da doença, podem evoluir para fibrose e cirrose hepática, com sequelas hepáticas graves.
A médica destaca que a melhor forma de prevenir a doença é ter uma dieta saudável, evitar a obesidade e praticar exercícios físicos com frequência. “Nos casos em que a doença já foi detectada, o tratamento consiste em combater o sedentarismo, controlar o diabetes, quando este estiver associado, controlar o colesterol e o triglicerídeo com medicamentos como as estatinas, controlar o hipotireoidismo, evitar a ingestão de álcool e dar seguimento adequado à avaliação de lesão hepática”, completa.
Esteatose hepática: como diagnosticar, prevenir e tratar? O assunto foi tema do programa Saúde no Ar, desta terça-feira (29). Patrícia Tosta conversou com a gastroenterologista, Virginia Figueiredo.
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Redação Saúde no Ar
Fonte: Assesoria
Foto:Internet e Felipe Martins