Mais de 16 milhões de brasileiros adultos (8,1%) sofrem de diabetes e a doença mata 72 mil pessoas por ano no Brasil, segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com a publicação, desde 1980 o número de pessoas vivendo com diabetes quadriplicou e alcançou os 422 milhões de pessoas (em 2014), especialmente em países em desenvolvimento. O crescimento do número de pessoas com o agravo é acompanhado do aumento de casos de obesidade e sobrepeso.
No mesmo período, informa o documento, a prevalência da diabetes quase duplicou de 4,7% para 8,5% da população adulta, o que reflete um aumento dos fatores de risco associados, como o excesso de peso, a obesidade e a inatividade física.
No Brasil, a prevalência da diabetes é de 8,1%, ligeiramente abaixo da média mundial, e é maior nas mulheres (8,8%) do que nos homens (7,4%). O excesso de peso afeta 54,2% dos brasileiros, a obesidade 20,1% e a inatividade física 27,2. A diabetes provoca a morte de 72.200 brasileiros com mais de 30 anos e representa 6% de todas as mortes. O excesso de glucose no sangue é responsável por mais 106.600 mortes por ano no Brasil.
De acordo com a endocrinologista Odelisa Matos, em entrevista ao Saúde no Ar, o controle da diabetes está relacionado diretamente à alimentação, pois uma má alimentação pode causar o descontrole da doença. Ainda para médica, além de uma alimentação balanceada, o diabético não pode negligenciar a importância da atividade física regular. Esses são os pilares para manter a doença controlada. “Já os medicamentos são importantes, mas isoladamente eles não dão conta.”, garante.
Muitas pessoas acreditam que os carboidratos são os vilões para quem tem diabetes, mas Odelise desmistifica ao afirmar que não é bem assim. “A recomendação nutricional tanto para os diabéticos como para os não diabéticos é de 60% de carboidratos. A maior parte da quantidade de caloria da nossa dieta vem dos carboidratos. A questão é saber que tipo de carboidrato e a quantidade que ele pode ingerir. ” explica.
Ir ao supermercado pode ser um verdadeiro desafio para a pessoa com diabetes. Com tanta variedade de alimentos industrializados, com propostas de ajudar a emagrecer, reduzir colesterol e não elevar a glicemia, fica difícil identificar o melhor alimento para a dieta. Para muitos, não é tarefa fácil entender as informações contidas nos rótulos e poder consumir sem comprometer o controle metabólico. Nesse aspecto, a endocrinologista acrescenta a dificuldade do leigo entender, pois, ele pode estar indicando que o produto não tem açúcar, mas se tem carboidrato tem açúcar. “O problema é que muitas vezes a pessoa, por achar que o alimento não contém açúcar acaba ingerindo em excesso. ”, alerta.
Para saber se o produto é realmente sem açúcar, é preciso ler atentamente o rótulo e observar se está escrito “sem adição de açúcar” ou “zero açúcar”. Se o rótulo principal não tiver esta informação, é recomendável procurar nos ingredientes – que pode estar escrito de várias formas, como glicose ou dextrose, açúcar invertido, açúcar demerara, açúcar mascavo. É importante observar também se consta entre os ingredientes a palavra edulcorante, ou seja, se foi adicionado adoçante ao produto.
Outra dúvida muito comum é saber com clareza as diferenças entre os alimentos lights e diets. De acordo com a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, os produtos diet são aqueles que não possuem um ou mais nutrientes na sua composição, mas não apresentam necessariamente valor calórico reduzido.
De acordo com a nutricionista Mônica Menezes, em entrevista ao Saúde no Ar, os alimentos light caracterizam-se por apresentar redução na quantidade de um dos seus componentes de no mínimo 25%, alcançando uma redução calórica de igual porcentagem. Essa redução pode ser de um dos itens que tem mais poder calórico, pode ser reduzir um pouco a gordura do alimento.
Os produtos diet podem não conter açúcar (sacarose, mel, açúcar mascavo ou glicose), sendo os mais indicados para os pacientes diabéticos. Podem também não conter sal, sendo assim indicados para as pessoas com pressão alta. Podem também não conter gordura, sendo, aqui, indicados para os pacientes com níveis elevados de colesterol. A questão pode até parecer simples, mas um alimento diet sem açúcar pode ser muito calórico, como é o caso dos chocolates diets que, apesar de não conterem açúcar não devem ser ingeridos em excesso, pois podem agravar o controle glicêmico, pelo simples aumento de peso do paciente.
Ouça as entrevistas completas das especialistas, no áudio abaixo: