O engenheiro de materiais José Manoel Marconcini assumiu a chefia-geral da Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP) na primeira semana de 2022 com o desafio de ampliar a agenda de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), em continuidade às ações do centro de pesquisa. Esse é o caminho que o gestor pretende trilhar para contribuir com respostas às questões complexas envolvendo o nexus água-energia-alimento; proposição que cria sinergias e reduz desigualdades entre setores.
O conceito nexus – palavra de origem latina – vem demandando integração entre os três elementos, uso racional e governança de diferentes setores, considerando que o uso em excesso de uma das variáveis causa perda de outra e, consequentemente, nas cadeias de produção.
Os três eixos exigem uso mais eficiente, equitativo e adequado frente ao possível esgotamento de recursos do ecossistema de produção. Até pouco tempo água-energia e alimentos eram gerenciados de forma independente mas, em emergente abordagem, passaram a ser tratados de forma conectados.
Assim, Marconcini assume a chefia-geral com um plano de trabalho alinhado ao VII Plano Diretor da Embrapa (PDU) 2020-2030, ao Plano de Execução da Unidade (PEU) e em sintonia com a Agenda 2030 – ação global no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) para enfrentar questões que afligem o planeta, como a fome. Em sintonia com essas agendas, a Embrapa Instrumentação já vem contribuindo com soluções tecnológicas no âmbito dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) integrando, inclusive, a Rede ODS Embrapa.
O engenheiro de materiais substitui o engenheiro elétrico de formação, João de Mendonça Naime que ocupou o cargo de chefe-geral por um pouco mais de seis anos e focou sua gestão em pesquisas dentro do conceito de inovação aberta. Nessa concepção, empresas privadas são introduzidas no desenvolvimento de pesquisas para acelerar a entrada de soluções tecnológicas no mercado.
Nesta linha, Marconcini lembra que o centro de pesquisa pode colaborar com tecnologias já desenvolvidas e em desenvolvimento nas áreas de fotônica, agricultura de precisão, uso de ferramentas digitais de blockchain para certificação de cadeias agrícolas, balanço de carbono na agropecuária e uso de Internet das Coisas (IoT) no ambiente rural.
“Pretendemos fortalecer PD&I, desde ciência básica até a inovação com empresas, fomentando-se a resolução de problemas complexos, em conjunto e em rede, fornecendo novas ferramentas e soluções de inovação para a agricultura e pecuária, colaborando para o novo mercado associado a ESG no agro”, diz o novo chefe-geral.
De acordo com Marconcini, assim é possível desenvolver novos insumos que otimizem tanto os bioinsumos como os nanoinsumos, empregando nanotecnologia e a agricultura de precisão para a gestão racional de fertilizantes que melhorem a eficiência das plantas e que reduza a necessidade de água.
Integração de temas
O Plano de Execução da Unidade (PEU), que começa a ser implementado em substituição ao Plano Diretor da Unidade (PDU), propõe uma reorganização e integração dos cinco para três temas de pesquisa da Embrapa Instrumentação.
O foco de atuação nesse novo arranjo será em automação, métodos avançados de análise e tecnologias digitais inteligentes; novos processos, insumos, nanotecnologia, bioprodutos e materiais avançados; e soluções sustentáveis e mitigadoras de impactos ambientais.
Para a execução dessa proposta, Marconcini considera fundamental alinhar os três novos temas de pesquisa com os três pilares institucionais da Embrapa.
Os temas estão conectados aos pilares ecossistemas de inovação, eficiência organizacional e perspectiva sociocultural, cognitiva e de comunicação. Para isso, o chefe-geral já definiu as diretrizes que vão nortear cada pilar, incluindo atuação local para ampliar e integrar ações com as demais instituições do
ecossistema de inovação de São Carlos (SancaHub).
Ainda na linha do pilar voltado para o ecossistema de inovação, Marconcini acredita que a Embrapa Instrumentação pode colaborar para ampliar as parcerias com parques tecnológicos já existentes localmente e de outras cidades. Outra proposta é apoiar a criação de novos ecossistemas de inovação com foco no agro em regiões de fronteira agrícola do Brasil, como Mato Grosso e, assim, ampliar a oferta de tecnologias da Embrapa.
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