Uma nova arma no combate ao vício em nicotina, foi descoberta por cientistas do The Scripps Research Institute – TSRI, em San Diego, na Califórnia. Batizada NicA2, a arma é uma enzima bacteriana que impede que a nicotina chegue ao cérebro – o que reduz a recompensa do prazer.
A pesquisa que ainda está em fase inicial de desenvolvimento, já tem os resultados promissores até o momento, de acordo com autor do estudo, o professor de química Kim Janda, membro do Instituto Skaggs de Biologia Química do TSRI. A enzima já demonstrou que tem as propriedades necessárias para servir como uma terapia anti-tabagista, além de proporcionar uma alternativa para os fumantes que desejam cortar o vício.
A NicA2 – uma enzima natural proveniente da bactéria Pseudomonas putida – foi encontrada nos campos de cultivo de tabaco. Há aproximadamente 30 anos que o autor do estudo e colegas tentavam criar a enzima em laboratório, mas foi descoberta recentemente. A NicA2 depende da nicotina, como sua única fonte de carbono e nitrogênio, para sobreviver.
Segundo os cientistas, ao consumir a nicotina absorvida por um fumante – antes que ela chegue ao cérebro e este entregue a desejada “recompensa” – a enzima pode oferecer uma melhoria significativa sobre as opções existentes de tratamento contra o tabagismo, como chicletes, adesivos e pílulas.
Conforme publicado no “Journal of the American Chemical Society”, a combinação de uma amostra de sangue com uma dose de nicotina equivalente à encontrada em um cigarro, levaram os pesquisadores aos testes de qualidades terapêuticas da enzima. Ao adicionar a enzima, a sobrevida da nicotina — o tempo que ela permanece ativa no organismo humano — caiu de duas a três horas para apenas 9 a 15 minutos. Cientistas perceberam que uma dose mais elevada da enzima, com algumas modificações químicas, poderia reduzir a sobrevida da nicotina ainda mais e impedi-la de alcançar o cérebro.
Testes para ver ser a enzima poderia ser inserida em um medicamento anti-tabagismo, também foram realizadas pelos pesquisadores. Para análise, a enzima permaneceu estável em um laboratório por mais de três semanas a 36° Celsius, e teve um resultado “bastante notável”, segundo Janda. Resultados mostram que após a enzima comer a nicotina, não restaram sobras metabólicas tóxicas.
Após as analises, o próximo passo será alterar a composição bacteriana da enzima, o que irá ajudar a diminuir os possíveis problemas imunológicos e maximizar seu potencial terapêutico, revelou o autor do estudo.
Fonte: O Globo
L.O.