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Entidades médicas fazem denúncias sobre condições de trabalho dos profissionais de saúde

A vereadora, Ouvidora Geral da Câmara Municipal de Salvador (CMS), membro da Comissão de Saúde na Casa, Aladilce Souza e representantes do COFEN (Conselho Federal de Enfermagem), COREN (Conselho Regional de Enfermagem), SINDSAUDE (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Bahia), SEEB (Sindicato dos Enfermeiros do Estado da Bahia), CREFITO (Conselho Regional dos Fisioterapeutas e Terapia Ocupacional), CRESS (Conselho Regional de Serviço Social), SINDPSI (Sindicato dos Psicólogos do Estado da Bahia) e pelo SINFITO (Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais), do SINDSEPS (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais), a Associação Brasileira de Enfermagem – Seção Bahia, além do SASB (Sindicato dos Assistentes Sociais da Bahia) e do Conselho Regional de Psicologia da Bahia (CRP-03) apresentaram, nesta quarta-feira, 13, em coletiva virtual à imprensa, diversas denúncias da grave situação das/os profissionais de saúde que estão trabalhando no combate à Covid-19 na Bahia.

Em uma semana, o número de infectados saltou de 140 para 647, o que representa um crescimento de 325%. “Se o número de casos entre os profissionais de saúde continuar crescendo nessa proporção, teremos, nos próximos oito dias, 1.928 trabalhadoras/es da saúde contaminados, segundo cálculos exponenciais feitos por profissionais de exatas. Outra situação absurda são os vergonhosos contratos das empresas contratadas pela Sesab, que pagam R$ 2 mil a enfermeiros terceirizados, que contabilizam 50% dos trabalhadores, e um salário mínimo a técnicos de enfermagem”, afirma Aladilce.

No Brasil, 108 profissionais da enfermagem já morreram por conta da doença, segundo a presidente do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), Maria Luisa Castro Almeida. “Não se trata só da falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), mas também de condições precárias em que os profissionais já passavam, como jornadas duplas de trabalho, salários baixos e que se agravaram mais ainda com essa nova situação”, afirmou.

A presidente do SINDSAÚDE Bahia, Ivanilda Souza, afirmou que existe um grande déficit de profissionais de saúde, por isso há uma sobrecarga de trabalho, motivo pelo qual as pessoas dobram o horário de serviço. A Sesab, inclusive, tem aprovados no último concurso, que a justiça já determinou a chamada, mas, até agora, a Secretaria não fez nada a respeito. “Quem dá plantão de 12 horas, acaba dando de 24h. Tem que ter o número suficiente para cobrir todas as escalas”, afirma.

As entidades também destacaram a necessidade de afastamento das/os trabalhadoras/es em risco e a importância de fazer testes em todos os trabalhadores/as, além de reivindicarem suas participações nos Comitês de Crise criados pela Prefeitura e Estado para o combate à Covid. “Tem que haver a participação dos representantes dos profissionais de saúde porque, em geral, é difícil o diálogo com os governos, sobretudo o estadual”, ressalta Aladilce.

O SINFITO informou que 190 dos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais que estão atendendo pacientes infectados, apenas 24% foram testados para verificar se estavam com a doença. “Precisamos de um apoio maior das vigilâncias de saúde do município e do estado. São centenas de denúncias por dia. O hospital teresa de Lisieux, por exemplo, está ocultando informações, e estão maquiando a situação para proteger as instituições de saúde”, destacou Gustavo Vieira, representante do Conselho.

Somente em duas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), quase 50 profissionais foram infectados, segundo o presidente do Conselho Municipal de Saúde e do SINDSEPS, Everaldo Braga. “O pessoal da área de higienização está trabalhando sem máscaras porque as unidades não fornecem. Eles mesmos estão fabricando ou comprando as máscaras, quando é obrigação do município e do estado. Outra coisa: não há condições de uma pessoa trabalhar 6 horas com uma máscara só. Tem que ser duas, e isso não está acontecendo”, afirma Everaldo Braga. “No Hospital Municipal, um técnico de enfermagem foi assediado e demitido por se recusar a atender um doente sem os itens de proteção necessários”, acrescenta.

Fiscalização – O COREN e o SINSAUDE Bahia estão fazendo fiscalizações diárias, mas não possuem pessoal suficiente para dar averiguar o grande número de denúncias nos hospitais públicos e privados. “Estamos tratando tanto dos servidores quanto dos terceirizados, e as empresas responsáveis pela terceirização estão fornecendo máscaras de pano para o pessoal que trabalha na limpeza. Presenciamos essa situação no Hospital da Mulher, em Feira de Santana. No Couto Maia, tem gente trabalhando mais de 12 horas. Com tanto tempo trabalhando assim, como é que não se infecta?”, questiona Ivanilda Brito, presidente do SINDSAÚDE Bahia.

No COREN, segundo a presidente, Maria Inês, do total de denúncias, a maior parte é por falta de EPIs. “As unidades de saúde precisam de capacitação diária dos profissionais, ainda mais agora, em que ele estão assustados e com medo. E se você está cansado, a probabilidade de errar é grande. Existem estudos que comprovam que o maior número de acidentes em unidades médicas ocorre por causa de profissionais cansados, que tem jornadas duplas para dar conta de suas vidas”, ressaltou a presidente.

Entre os assistentes sociais, 47 foram notificados com a doença, mas o sindicato da categoria afirma que há sub-notificações. “Entramos com uma liminar na justiça pedindo que os assistentes sociais em risco fossem afastados”, informou a representante do SASB, Marleide Castro. O SINFITO denunciou que alguns profissionais que apresentaram Covid foram afastados mas voltaram após 14 dias, sendo que cinco deles ainda apresentavam sintomas.

O Conselho Regional de Psicologia destacou que, diante dessa situação crítica, muitos estão trabalhando com medo, pânico e adoecendo. “Para um profissional de saúde, é muito sofrido lidar com um ambiente com muitas mortes. Nós sentimentos muito a perda de um paciente, porque estamos ali para cuidar deles. Isso gera um impacto muito grande e é preciso cuidar da saúde mental desses profissionais de saúde”, afirma a representante do Conselho, Emilla Carvalho.

Repúdio – Todas as entidades que participaram da coletiva repudiaram a ação do Hospital Clériston Andrade, em Feira de Santana, que impediu o a fiscalização do SindSaúde, nesta terça-feira, 12. O Sindicato recebeu diversas denúncias de trabalhadores, mas a entrada dos representantes da entidade foi proibida pela diretor geral da unidade médica, José Carlos de Carvalho Pitangueira. “Isso é autoritarismo!”, afirmou Aladilce.

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Jorge Roriz

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