‘É imoral vacinação antecipada para quem tem dinheiro’ diz ex-presidente da Anvisa

Joice Mara Araujo

4 anos atrás

Como anuncio de que clínicas privadas negociam aquisição de vacina para comercializar no Brasil; gerou revolta nas redes sociais; de acordo com alguns dos comentários; a compra irá favorecer a rede privada de saúde; segundo as publicações sem os planos de saúde, quem depende exclusivamente do SUS serão prejudicados.

Em entrevista para a CNN Brasil o o sanitarista e ex-presidente da Anvisa Gonzalo Vecina; disse que a possibilidade da venda do imunizante no país é “imoral”. De acordo com ele, “Quem deve fornecer é quem tem a vacina e quem tem que garantir que ela chegue ao povo é o estado brasileiro. Se a iniciativa privada quer ajudar o estado, deve fazer isso como subcontratado do estado,” disse.

Além disso, Vecina ressalta que “Você não pode querer entregar a vacina para uma fábrica para imunizar seus trabalhadores de forma diferente da população em geral; isso é imoral no meio de uma pandemia. É um risco inaceitável para a população ter uma fila de vacinação antecipada para quem tem dinheiro”.

Negociação das clínicas privadas

De acordo com nota divulgada pela Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC); a associação negocia com a farmacêutica indiana Bharat Biotech a compra de 5 milhões de doses do seu imunizante contra a covid-19. Chamada de Covaxin deve ser aplicada em duas doses com intervalo de suas semanas; e caso haja resposta positiva da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); a aplicação no Brasil pode acontecer em caráter emergencial.

Ainda assim, sem a liberação do órgão; o processo envolve diversas etapas até o registro e outras informações de vacinas contra covid-19. Dessa forma, membros das entidade viajam para a cidade de Hyderabad, capital do estado de Telangana, no sul da Índia, para conhecer a fábrica da farmacêutica; De acordo com os negociantes indianos a capacidade de produção chega a 300 milhões de doses. A ABCVAC representa 200 clínicas; equivalente a 70% do mercado privado nacional.

Ministério da Saúde

Dessa forma, questionado sobre a possível aquisição das clinicas privadas, o Ministério da Saúde disse que o início da vacinação contra covid-19 deverá acontecer pelo SUS, conforme previsto no Plano de Operacionalização da Vacinação. Em nota o MS diz que:

“Na eventualidade da integração de clínicas particulares de vacinação ao Plano Nacional, é preciso observar que o registro da aplicação do imunizante precisaria ser feito junto à Rede Nacional de Dados de Saúde e à caderneta digital de vacinação. Esta rastreabilidade possibilita identificar quem tomou a vacina e em qual data, além de precisar o laboratório e o lote do imunizante, possibilitando a aplicação de uma segunda dose no prazo correto”, acrescenta, em nota.

Além disso, segundo o órgão mesmo com a negociação entre a ABCVAC e a Bharat Biotech, a imunização no Brasil precisa respeitar a ordem de grupos; de acordo com os já definidos como prioritários.

Campanha Vidas Importam

Veja também: Governo brasileiro volta a citar antivirais como tratamento precoce

O jornalismo independente e imparcial com informações contextualizadas tem um lugar importante na construção de uma sociedade , saudável, próspera e sustentável. Ajude-nos na missão de difundir informações baseadas em evidências. Apoie e compartilhe