O grave quadro mundial de obesidade, e suas complicações crônicas como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, têm estimulado o surgimento de várias pesquisas a respeito de métodos eficazes de perda de peso. Um dos métodos mais debatidos no mundo da nutrição são as dietas baixa em carboidratos (CHO). A mais famosa delas é a dieta do Dr. Atkins, e mais recentemente, a dieta Low-Carb e a dieta Paleolítica ou Paleo. Elas podem ser compostas de 45-65% de gordura, menos de 40% de CHO, e 20-30% de proteínas. Além disso, existe a dieta baixa em CHO e a dieta muito baixa em CHO ou dieta cetogênica (o que equivale a 20-50g/dia de CHO).
Atualmente muitos estudos bem desenhados têm demonstrado que dietas de baixo CHO favorecem maior perda de peso e melhora dos níveis glicêmicos e perfil lipídico do que uma dieta baixa em gorduras. O ponto chave para esse resultado é a insulina, um tipo de hormônio produzido normalmente pelo pâncreas. A insulina é um hormônio que faz acumular gordura, e o grande estímulo da produção de insulina é o aumento da glicose no sangue. Então, quanto maior o consumo de CHO, maior a glicemia e maior será o nível de insulina no sangue, favorecendo, consequentemente, o acúmulo de gordura no corpo. Dessa forma, a dieta baixa em CHO produz menos insulina resultando em mais queima de gordura, perda de peso, redução dos triglicérides e aumento do colesterol bom, o HDL. Além disso, uma dieta baixa em CHO leva a um aumento proporcional na ingestão de proteínas e principalmente gorduras, aumentando assim a saciedade.
Essas dietas são muito populares, contudo no meio científico têm gerado grandes discussões sobre a real eficácia e segurança em adotá-las com objetivo de perda de peso, melhora da glicemia e marcadores lipídicos de risco cardiovascular. Um dos pontos é a baixa aderência em seguir uma dieta com restrição de CHO, possivelmente pelas preferências alimentares. Outra questão é a segurança de adotar a dieta muito baixa em CHO por muito tempo. Essa dieta acaba eliminando também as fibras solúveis, as quais alimentam a flora intestinal saudável. Assim, uma dieta de muito baixo CHO pode ser uma estratégia útil em um primeiro momento para alguns casos específicos (como diabetes e/ou síndrome metabólica), mas que possa não ser ideal em longo prazo. Outra preocupação é o teor muito elevado de gorduras nessas dietas, pois o excesso de gordura saturada na alimentação favorece o aumento do colesterol ruim, o LDL, um importante marcador de risco cardiovascular.
Diante do exposto acima as pessoas com excesso de peso, com risco para desenvolver diabetes e/ou aqueles com síndrome metabólica podem se beneficiar com dieta baixa em CHO. Entretanto, cada caso deve ser avaliado individualmente por um profissional especialista na área que possa orientar de forma correta a tomada de decisões.
O assunto foi tema do Quadro Comer e Ser desta terça-feira (12/12), no Programa Saúde no Ar.
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Fonte: Mirella Brasil (Mestra em Medicina e Saúde – UFBA)
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Redação Saúde no Ar