Nos últimos anos a dieta livre de glúten ou dieta free-gluten tornou-se o centro das atenções no meio popular, trazendo grandes discussões e questionamentos no mundo da saúde. A popularidade da dieta sem glúten ganhou maior visibilidade a partir da publicação de alguns livros como o livro intitulado Barriga de Trigo de William Davis. Os autores defendem que os produtos contendo glúten desencadeiam respostas imunes que contribuem com o desenvolvimento de obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes. A partir daí, os produtos rotulados como “sem glúten” explodiram em um negócio que até hoje rendem milhões com as vendas de uma dieta da moda.
O glúten é uma proteína encontrada em todos os alimentos que contenham trigo, centeio, cevada e aveia. As pessoas com diagnóstico de doença celíaca, alergia ao trigo ou intolerância ao glúten quando expostas a esses alimentos podem apresentar sintomas intestinais graves ou outros tipos de complicações clínicas e nutricionais. Assim, é amplamente aceito que as pessoas com essas doenças se beneficiam de uma dieta sem glúten, considerada o único tratamento provado que resulta em melhorias na sintomatologia e histologia do intestino delgado. O que é menos claro, são as vantagens de evitar alimentos contendo glúten na ausência dessas doenças. Aparentemente as pessoas acabam perdendo peso ao diminuir a ingestão de glúten simplesmente porque o carboidrato – que é calórico – foi cortado da dieta.
Além dos questionamentos a cerca dos reais benefícios de se excluir o glúten em pessoas saudáveis alguns pontos são importantes levar em consideração. Ao retirar os alimentos com glúten a maioria das pessoas acaba substituindo-os por alimentos refinados, industrializados, ricos em compostos agressores ao organismo e acabam por prejudicar a microbiota intestinal.
Segundo a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição as dietas sem glúten podem ser saudáveis para a população em geral, desde que a retirada dos alimentos processados sem glúten seja compensada pela ingestão de outros grãos integrais, e de hortaliças de baixa densidade energética.
O assunto foi tema do Quadro Comer e Ser desta terça-feira (05/12), no Programa Saúde no Ar.
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Fonte: Mirella Brasil (Mestra em Medicina e Saúde – UFBA)
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Redação Saúde no Ar