Com ou sem sintomas ou desconfortos, a avaliação oftalmológica periódica acima de 50 anos é fundamental para detectar precocemente duas doenças que, em estágio avançado, podem comprometer a visão e, consequentemente, a qualidade de vida do indivíduo. Uma delas é o glaucoma, que acomete 1,5% da população brasileira, ou 3 milhões de pessoas. Já a popular catarata é problema para 1 milhão de pacientes no país. Os dados são do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

Segundo o médico oftalmologista, coordenador do Centro de Oftalmologia do Hospital Evangélico de Belo Horizonte e presidente da Sociedade Mineira de Oftalmologia, João Neves de Medeiros, existe uma lacuna em relação ao cuidado oftalmológico no país. “Seja pelo acesso restrito a esse tipo de serviço ou mesmo pela cultura dos pacientes, a falta de exames oftalmológicos periódicos pode favorecer o agravamento desses problemas incapacitantes. Por isso, o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, que será celebrado no dia 26 de maio, tem sua importância ampliada, para conscientizar a população de que o fator tempo é fundamental para que esses dois problemas não cheguem a estágios graves”, afirma.

Silenciosa

O glaucoma é uma doença silenciosa que compromete o nervo ótico principalmente pelo aumento da pressão intraocular. Com o tempo, evolui para quadro de cegueira periférica, que chega ao centro da visão, causando cegueira irreversível. “Pessoas que têm histórico familiar de glaucoma devem ficar atentas para esse problema, que é controlável quando diagnosticado na fase inicial”, alerta. O tratamento é feito com colírios específicos ou, quando esse recurso não tem o resultado esperado, com cirurgia.

A catarata também traz comprometimento visual relevante, porém reversível. Muito comum em idosos, esse problema representa risco de quedas e acidentes quando em estágio avançado. “Nesse caso, o tratamento indicado é a cirurgia quando há comprometimento visual. Mas a evolução deve ser acompanhada pelo oftalmologista na consulta periódica”, destaca João Neves.

Sintomas

Nas fases precoces, o glaucoma caracteriza-se pela ausência de sintomas. Mas há sinais como olhos lacrimejantes e vermelhos, dor nos olhos e de cabeça e também fotofobia (hipersensibilidade à luz) que são comuns a outras doenças oftalmológicos e que, não raras vezes, resultam na prática da automedicação.

A coordenadora da Farmácia do Centro de Oftalmologia do Hospital Evangélico, Amanda Mesquita, lembra que essa prática é especialmente perigosa porque pode causar reações adversas e/ou mascarar sintomas de doenças graves como o próprio glaucoma, mas que ainda não foram diagnosticadas.

Entre os efeitos adversos do uso de colírios sem indicação médica estão o desequilíbrio da flora microbiana dos olhos e o surgimento de bactérias e/ou fungos resistentes. “Além disso, produtos à base de corticosteroides podem causar aumento da pressão ocular e dano no nervo ótico – características do glaucoma – além de catarata, aumento da pressão intraocular, hipertensão arterial, arritmia cardíaca e hiperglicemia”, conclui.

O Hospital Evangélico de Belo Horizonte tem dois Centros Oftalmológicos. Um deles funciona em Belo Horizonte, na Rua Alfenas, 33, bairro Cruzeiro. A outra unidade funciona no Complexo de Saúde do Hospital Evangélico, em Betim, na Av. Edmeia Matos Lazzarotti, 3800, Jardim Brasília, com atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), convênios e particulares.

AEBMG – Fundada há 76 anos, a Associação Evangélica Beneficente de Minas Gerais é mantenedora de nove unidades de negócios em Belo Horizonte, Contagem e Betim. Em 2021, realizou mais de 1,368 milhão de procedimentos médicos pelo SUS, convênios e particulares. Atualmente, a rede tem 2.100 colaboradores.