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Dia Nacional da Ciência: por que é tão difícil desenvolver pesquisas científicas no Brasil?

O Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico é celebrado no próximo dia 8 de julho. A data traz luz à relevância das pesquisas científicas para os avanços da sociedade, para a saúde e o bem-estar da população.

No Brasil, no entanto, o cenário não tem sido favorável para o desenvolvimento das pesquisas. De 2012 para 2021, o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) encolheu 84%, de R$11,5 bilhões para R$1,8 bilhão. Em 2020, em plena pandemia, quando o país vivia um caos na saúde por conta da falta de leitos hospitalares. O Governo Federal investiu no período um valor menor do que o desembolsado em 2009 – R$19 bilhões – contra R$17,2 bilhões.

De acordo com dados do Ministério, a soma de todos os projetos e editais financiados com recursos não reembolsáveis do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico (FNDC) não passam de R$1,8 bilhão.

O volume de concessão de bolsas para pesquisa científica e para formação de docentes despencou no governo atual. Segundo um levantamento feito pelo UOL via Lei de Acesso à Informação (LAI), houve retração de 17. 5% no número de bolsistas contemplados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de 16,2% pela Capes.

No entanto, apesar de não terem um terreno fácil para arar no país, os cientistas brasileiros muitas vezes ganham destaque internacional por conta de suas contribuições. Muitos acabam deixando o Brasil para desenvolver seus trabalhos científicos lá fora.

E mais: algumas das melhores instituições educacionais e científicas do mundo são brasileiras. E mesmo assim, a falta de incentivo corta a força da nossa ciência.

Contra o vento

Apesar disso, a ciência e a pesquisa no país remam contra a maré e mostram a cada dia que não há desenvolvimento econômico sem a contribuição delas. Um dos momentos mais recentes no qual isso foi empiricamente provado foi na pandemia da covid-19. Quando a necessidade de desenvolver imunizantes para conter o avanço da doença foi mais do que necessária – era urgente. E em poucos meses, o número de mortes foi controlado com a chegada das vacinas.

Para Daniel Minozzi, CMO da Nanox Tecnologia, o setor está sendo desfavorecido pela limitação de incentivos. Mesmo assim as empresas e pesquisadores seguem se dedicando ao máximo para fazer com que a ciência siga melhorando a vida das pessoas.

“A pesquisa científica é fundamental para que o Brasil siga crescendo e aprimorando. Mesmo com a situação limitante  de incentivo financeiro e político, têm saído grandes inovações das mãos dos pesquisadores de várias empresas e faculdades e isso poderia ser maior”, afirma.

A Nanox descobriu, por meio do trabalho de seus pesquisadores e em conjunto com a Universidades Brasileira e Internacional. Que as micropartículas de prata produzidas pela empresa também tinham uma função anti-covid por meio de contato. Inativando o vírus em menos de um minuto, dependendo da superfície. A partir daí surgiram produtos que ajudaram a minimizar a contaminação, como embalagens de plástico filme anti-covid e o desenvolvimento de tecidos que dificultam o contato.

Outro grande exemplo de Ciência brasileira é a construção do único radiotelescópio no Brasil, intitulado Projeto BINGO, que fará o mapeamento na parte escura do universo. Construído no interior da Paraíba,  conta com pesquisadores do Brasil, China, África do Sul, Reino Unido, Coréia do Sul, Portugal e França.

‘É necessário aprimorar tudo isso, investindo em ciências e educação, para que possamos ter esperança em um país melhor no futuro. Por isso, o brasileiro que agora vê, ainda mais claramente em seu dia a dia, o potencial da ciência, deve cobrar propostas, investimentos e a valorização da pesquisa em inovação e tecnologia.’

No Dia da Ciência, de acordo com o físico Elcio Abdalla, coordenador do Projeto BINGO. É preciso promover uma reflexão sobre a importância da implementação de políticas que valorizem pesquisadores, como mestres e doutores, para que o país possa avançar mais rapidamente. “Ainda temos muito a caminhar, mas a ciência segue persistente”, conclui.

 

 

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Joice Mara Araujo

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