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Saúde masculina

O homem vive em média sete anos a menos que a mulher. A cada três mortes de adulto, duas são de homens. Segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, na faixa de 20 a 59 anos, os homens morrem mais por causas externas, como acidentes de trânsito, acidentes de trabalho e lesões por violência. O segundo motivo de morte entre homens nesta faixa etária são as doenças do aparelho circulatório, seguida das neoplasias. Comemorado neste sábado (15), o Dia Internacional do Homem traz para o debate os cuidados com a saúde masculina no país.

De acordo com levantamento da Agência Brasil, atualmente no Brasil 18% dos homens brasileiros são obesos e 57% apresentam sobrepeso. Com relação ao tabagismo, 12,7% fumam e sobre doenças crônicas, 7,8% dos homens têm diabetes e 23,6% têm hipertensão. Vinte e sete por cento dos homens consomem bebida alcóolica abusivamente e 12,9% dirigem após beber. Os dados fazem parte do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizado anualmente pelo governo federal.

Mitos– Para o o subcoordenador do serviço de urologia do Hospital de Clínicas da Universidade de Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), Augusto Barbosa Reis, o principal mito em relação à saúde masculina é de que o homem adoece menos que a mulher.

“Segundo esse mito, ele acredita que se procurar um médico, vai achar uma doença. Na prática, ele vai evitar uma doença por conta das orientções e vai se tratar para que o problema não se agrave”, diz Reis. “Há falta de procura médica por medo associada à falta de informação, por acreditar que não adoece e quando, de fato, adoece, não encontra horário adequado ao período de trabalho”. Para o médico, o fato de a mulher buscar mais auxílio médico ajudou a construir o mito.

Outro mito ressaltado pelo médico são as causas de infertilidade da população. Segundo Reis, o homem é responsável por metade dos casos em que há dificuldade na concepção e em, geral, atribui o problema diretamente à parceira. “Ele coloca a responsabilidade sobre a dificuldade em conceber uma gestação na parceira e adia a sua investigação. Com isso, o tempo vai passando e a idade pode ser um fator negativo para se alcançar uma gravidez”, explica.

Câncer de próstata– Desconsiderando os tumores de pele não melanoma, o câncer de próstata é o mais incidente entre os homens em todas as regiões do país, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A previsão é de que 68 mil novos casos surjam em 2017. Assim em outros tipos de câncer, o diagnóstico precoce pode aumentar as chances de cura do paciente.

O urologista e conselheiro do Conselho Federal de Medicina (CFM) Lúcio Flávio Gonzaga destaca que ainda não há protocolos internacionais que definam o auto-cuidado para o câncer de próstata como há para a doença na mama. “O que temos são dados atestando que a procura espontânea do homem pela prevenção e esse rastreamento espontâneo impactam diretamente no índice de cura e diminui o índice de mortalidade”.

A recomendação médica é que o homem, a partir dos 50 anos, comece a fazer exames de prevenção, verificando as taxas do Antígeno Prostático Específico (PSA), uma substância produzida pelas células da glândula da próstata, além do toque retal. O médico ressalta que pacientes com histórico de câncer de próstata na família, devem procurar um especialista a partir dos 45 anos.

“É constrangedor, mas depois que o paciente faz ele se sente mais seguro. O exame retal não identifica apenas o câncer de próstata, mas o de reto, que é prevalente na mesma idade e é muito mais mortal”, aponta. “É importante desmistificar esse assunto”.

Sexualidade

A disfunção erétil, de acordo com o urologista mineiro está associada ao diabetes mellitus, à hipertensão arterial e obesidade e pode ser o primeiro sinal de que o homem está apresentando alguma doença cardiovascular.

“A impotência sexual atinge, em alguma medida, quase todos os homens depois dos 40 anos. Atualmente ela é considerada um importante marcador de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral”, afirma.

Outro aspecto ressaltado por Gonzaga é a exposição a doenças sexualmente transmissíveis. Patologias como a sífilis congênita e a gonorreia comuns no início do século passado têm preocupado as autoridades com o crescente aumento de casos no país. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), os casos de sífilis entre jovens (15-29 anos) cresceu 5.860% entre 2010 e 2015 (477 casos para 28.432).

Dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) também apontaram no ano passado que, entre adultos brasileiros, os novos casos subiram 18,91% em 15 anos – eram 37 mil em 2000. O estudo indicou que, em 2015, 830 mil pessoas viviam com a doença no país, provocando 15 mil mortes por ano.

“O que nos chama atenção é que o jovem tem informação sobre as doenças sexualmente transmissíveis, o que falta é atitude com relação ao uso do preservativo. Uma das fórmulas de estimular essa atitude é a consulta médica, onde ele vai ser exposto aos benefícios em aderir ao uso do preservativo”, avalia. Além dos jovens, o número de doenças sexualmente transmissíveis têm crescido no país entre homens idosos.

Prevenção precoce– Apesar dos mitos e resistências em cuidar da saúde, uma geração de brasileiros tem se empenhado na busca por longevidade e uma vida saudável. Para o coordenador de Tecnologia da Informação Anderson Silva, de 41 anos, o incentivo da esposa para o tratamento de doenças ainda é um fator importante na busca por assistência médica, mas não a única forma de cuidar da saúde.

“Comigo, acontece ambas as situações. Algumas vezes, procuro por conta própria e outras por indução da minha esposa. Na maioria das vezes, postergo a ida ao médico, deixando para ir somente quando os sintomas ficam bem mais graves. No meu ponto de vista, isso só piora a recuperação”, afirma.

Silva destaca que a prevenção de doenças está no seu cuidado em ter uma dieta balanceada, acompanhada por nutricionista, além de atividades físicas. “Pratico exercícios físicos três vezes na semana. Sempre que possível, durmo, no mínimo, seis a sete horas por noite. Além disso, faço exames de check-up periódicos”, conta.

O preparador físico de 34 anos, Marcus Vinicius Santos, tem histórico familiar de câncer de próstata e problemas cardiovasculares e afirma procurar assistência médica sempre que percebe sinais de que algo está errado em seu organismo. Para identificação precoce de doenças, começou a fazer check-ups há cinco anos.

“Faço acompanhamento médico anualmente, com a relização de exames de sangue para monitorar apectos como o índice de colesterol, que podem influenciar muito em problemas cardiovasculares. Para reforçar ainda mais essa questão, faço controle do estresse, que é um severo desencadeador de doenças da nossa atualidade, com atividade física diária, inclusive aos finais de semana. Não existe milagre, a gente tem que se dedicar”, avalia.

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