Desafios na comunicação segmentada

Com o volume atual de informações disponíveis na internet e em outros meios de comunicação, uma questão que se coloca é quanto à credibilidade da informação: em quais se pode confiar? No campo da saúde não é diferente. Muitas pessoas, antes mesmo de procurar um médico, se informam por conta própria e com frequência formam ideias equivocadas sobre o estado da sua saúde.

Um desafio que se coloca para quem trabalha com a comunicação segmentada, especificamente em saúde é fazer chegar à população informações úteis e confiáveis, acompanhando as novas tendências tecnológicas. O mesmo para os governos, que precisam fazer chegar suas ações a esta população.

No dia do aniversário celebrado em (04.08) o Programa Saúde no ar ouviu importantes personalidades do cenário da saúde para discutir a importância da comunicação baseada em evidências no contexto de carência dos serviços de saúde.

Abrindo o programa comemorativo, o padre Aderbal Galvão de Souza, diretor presidente da Rádio Excelsior da Bahia, enfatizou que o Saúde no ar está no coração de toda a comunidade: “ esse é um programa comprometido com a vida, e Jesus declarou que veio para que todos tenham vida e vida em plenitude e não há vida plena sem saúde”.

O presidente da FESF-BA, Maurício Dias, chamou atenção para a importância da mídia, comunicação como veículo de informação, fortalecimento da imagem e de grande utilidade para o processo educativo e exercício da cidadania: “para que a população tenha acesos aos serviços ela precisa saber a quem se dirigir e a quem procurar. O principal vetor da medicina não é a correção e sim a prevenção, e para prevenir é preciso informar, disseminar conteúdos sobre atitudes e hábitos corretos para se evitar doenças, os meios de comunicação exercem um papel fundamental”, lembrou Dias.

AniversarioA credibilidade da informação é uma preocupação também da ABM, Associação Baiana de Medicina. O presidente da entidade, Robson Moura chamou atenção para a obrigação dos médicos em acompanhar esse movimento “ já foi a época em que o médico era o senhor das ideias, definia o que deveria ser feito sem levar em conta o questionamento do paciente.

Hoje o paciente traz artigos e revistas que falam sobre o assunto isso assusta, mas não é de tudo ruim pois essa é a saúde do século 21. Na comunicação é preciso filtrar o que é bom e o que é ruim é preciso atenção com as propagandas enganosas que são disseminadas todos os dias. É importante que o médico oriente o seu paciente para que antes de utilizar aquelas informações obtidas nos meios de comunicação, consulte um especialista”, lembrou Moura.

O Secretário de Saúde Fábio Vilas Boas, destacou a velocidade da comunicação que de forma instantânea atinge diferentes pessoas tornando o mundo muito mais próximo. Nesse sentido, o gestor afirmou que é preciso saber usar esses canais de forma segura e eficiente. “É preciso saber utilizar esses canais e ferramentas para que não só se leve a informação correta, mas para evitar a desinformação, pois a informação de má qualidade lamentavelmente hoje vem circulando na mesma velocidade e com um potencial destruidor muito grande”, afirmou o gestor. A alta prevalência de algumas doenças como as cardiovasculares responsáveis por muitas mortes no Brasil e no mundo pedem a utilização de práticas pautadas em medicina baseada em evidencia.

A comunicação ajuda nesse processo de conscientização “por mais paradoxal que pareça essas informações não eram disponibilizadas na década de 70, as pessoas não sabiam por exemplo que pressão alta fazia mal, alguns médicos atendiam em seus consultórios fumando. Hoje graças a comunicação qualquer pessoa, por mais simples e desprovida de recurso que seja sabe que pode lhe faz mal.  O que temos hoje como missão é preencher a lacuna que existe entre o conhecimento da informação que está disponível, e a implementação de ações para reverter esses fatores de risco. Esse é um dever do estado, das organizações não governamentais e de toda a sociedade”, concluiu o secretário.

O Ministério da saúde está trabalhando com a qualificação das informações para que os conteúdos possam ter um selo de qualidade que vai garantir a população uma maior certeza sobre o embasamento científico dos conteúdos publicados através de um selo de qualidade será possível saber se aquele site ou blog é de qualidade, evitando a divulgação de informações falsas.  O ministro da Saúde Ricardo Barros, que também participou do programa Saúde no ar, reforçou a importância da mídia no esclarecimento da população. “Temos utilizado muito a mídia nas informações pois mobiliza as pessoas para o alerta das medidas sanitárias que precisam ser tomadas e das ações positivas para a garantia da saúde e qualidade de vida. As pessoas precisam de esclarecimento para se protegerem entre outras coisas das doenças silenciosas como HIV, diabetes, hepatite C, elas precisam de muita informação assim terão capacidade para fazer seus tratamentos e cuidar da saúde de forma integral”

O ministro chamou atenção para o programa de informatização da saúde que prevê mais agilidade e segurança na retransmissão dos dados: como uso de biometria pelos funcionários, utilização de tabletes ou smartfones para os agentes comunitários de saúde, além da implantação de um consultor digital que será capaz de lançar os sintomas do paciente e receber uma sugestão de diagnostico. Outra aposta é a telemedicina onde o médico da atenção básica telefone para o especialista e discute o caso do paciente antes de encaminhar para a unidade de referência. A iniciativa implementada em Santa Catarina já realizou cinco milhões de tele consultas e 70% dos casos foram resolvidos na própria unidade básica de saúde de acordo com Ministro.

O Diretor Executivo do Projeto Saúde no ar Ezequiel Oliveira lembrou a importância do investimento para que novos programas e projetos que levem informação de qualidade para a população sejam criados e possam ter perenidade “ao longo desses três anos no Saúde no ar fomos construindo pontes e difundindo saberes com o reconhecimento público pela Quality Nacional de Responsabilidade Social.

Acreditamos que a comunicação é imprescindível para a transformação positiva de uma sociedade com mais saúde e qualidade de vida. Queremos compartilhar o desejo de continuar com o projeto Saúde no Ar, não sozinhos, mas em uma cadeia de união com o empresariado, poder público, instituições representativas e universidades, afinal todo bom resultado precisa de uma boa dose de injeção de ânimo”, concluiu.

 

Ouça a entrevista na integra

Patricia Tosta

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